
São Paulo — InkDesign News — Astrônomos utilizaram a sensibilidade sem precedentes do Instrumento Mid-Infrared (MIRI) a bordo do Telescópio Espacial James Webb para a busca de exoplanetas na faixa de detritos em torno da jovem estrela TWA 7.
Contexto da descoberta
A TWA 7, uma estrela de 6,4 milhões de anos, está localizada a aproximadamente 111 anos-luz de distância na constelação de Antlia. Conhecida também como CE Antilae, essa estrela de baixa massa (0,46 massas solares) é membro da associação TW Hydra. Os discos de detritos, que contêm poeira e material rochoso, são mais fáceis de detectar em estrelas jovens devido à sua maior luminosidade.
Métodos e resultados
Em 21 de junho de 2024, a equipe liderada pela Dra. Anne-Marie Lagrange usou o coronógrafo do instrumento MIRI para reduzir o brilho da estrela anfitriã, permitindo a observação de objetos mais fracos nas proximidades. Após a subtração da luz residual da estrela usando processamento avançado de imagem, um fraco fonte infravermelha foi identificada perto de TWA 7, consistente com previsões teóricas para um planeta jovem e frio com massa em torno de 0,3 vezes a de Júpiter (100 massas terrestres) e temperatura de cerca de 320 K (aproximadamente 47 graus Celsius).
“Nossas observações revelam um forte candidato a um planeta que está moldando a estrutura do disco de detritos de TWA 7, e sua posição é exatamente onde esperávamos encontrar um planeta dessa massa”
(“Our observations reveal a strong candidate for a planet shaping the structure of the TWA 7 debris disk, and its position is exactly where we expected to find a planet of this mass.”)— Dra. Anne-Marie Lagrange, Astrônoma, Observatoire de Paris-PSL
A localização do objeto, a cerca de 52 AU da estrela, está alinhada com uma lacuna no disco, sugerindo uma interação dinâmica entre o planeta e seu entorno. Essa descoberta, se confirmada, seria a primeira vez que um planeta foi associado diretamente à escultura de um disco de detritos, podendo oferecer a primeira evidência observacional de um disco Trojan, que consiste em poeira presa na órbita do planeta.
Implicações e próximos passos
O estudo, publicado na revista Nature, abre novas possibilidades na pesquisa de planetas de baixa massa próximos a estrelas vizinhas. A equipe planeja continuar as observações para refinar as propriedades do candidato e verificar seu status planetário, aprofundando a compreensão sobre a formação de planetas e a evolução de discos em sistemas jovens.
“Os achados destacam a capacidade do Webb de explorar planetas de baixa massa ainda não vistos ao redor de estrelas próximas”
(“The findings highlight Webb’s ability to explore previously unseen, low-mass planets around nearby stars.”)— Dra. Mathilde Malin, Astrônoma, Johns Hopkins University
Essa descoberta poderá impactar significativamente a forma como entendemos a formação de sistemas planetários, incluindo o nosso. A pesquisa em andamento promete abrir novas fronteiras na exploração de exoplanetas.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)