
Brasília — InkDesign News — A influenciadora digital Virginia Fonseca participou na manhã desta terça-feira (13) de depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets do Senado, em Brasília, para esclarecer contratos publicitários relacionados a sites de apostas. Ela negou ter recebido comissões adicionais vinculadas ao aumento dos lucros das empresas contratantes.
Contexto político
A CPI das Bets foi instaurada com o objetivo de investigar a influência dos jogos de apostas online no orçamento das famílias brasileiras e possíveis vínculos com organizações criminosas envolvidas em lavagem de dinheiro. A convocação de Virginia Fonseca, aprovada em dezembro de 2024, foi proposta pela relatora do colegiado, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), destacando o uso da base de seguidores da influenciadora para divulgar empresas de apostas.
Embora a atuação de influenciadores digitais ainda não seja regulamentada no Brasil, a presença de personalidades como Virginia nas campanhas dessas casas de apostas chamou atenção para possíveis impactos sociais e econômicos, motivando um escrutínio mais rigoroso pelo Congresso Nacional.
Reações e debates
Virginia Fonseca afirmou que seu contrato publicitário previa um valor fixo por 18 meses e que a cláusula de recebimento de 30% a mais em caso de dobrar o lucro da empresa contratante, descrita como “cláusula padrão” em seus contratos, nunca se concretizou:
“Nunca recebi R$ 1 a mais do que o meu contrato de publicidade que eu fiz por 18 meses. Era um valor fixo, se eu dobrasse o lucro [da empresa contratante], eu receberia 30% a mais da empresa, mas isso não chegou a acontecer”
— Virginia Fonseca, influenciadora digital
Ela também destacou que, diante da divulgação do chamado “cachê da desgraça”, não pôde se pronunciar devido a cláusulas de confidencialidade.
No entanto, a influenciadora optou por se reservar ao direito de permanecer em silêncio sobre o maior valor já recebido em contratos com casas de apostas, conforme garantido por habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para evitar autoincriminação.
Desdobramentos e desafios
A oitiva da influenciadora ocorre em meio ao aprofundamento das investigações da CPI das Bets, que visam não apenas a apuração financeira, mas também o impacto social das apostas online. A comissão busca, ainda, compreender o papel das redes sociais na promoção dessas atividades e a necessidade ou não de regulamentação para influenciadores.
À medida que o debate avança no Senado, desafios jurídicos e legislativos emergem, como a definição clara de mecanismos de fiscalização e transparência nas campanhas publicitárias e a proteção das famílias brasileiras contra possíveis danos financeiros e sociais advindos do crescimento das apostas digitais.
“Nos últimos anos, a influenciadora esteve envolvida em campanhas de marketing para casas de apostas, utilizando sua ampla base de seguidores para divulgar essas atividades”
— Senadora Soraya Thronicke, relatora da CPI das Bets
O caso aponta para a necessidade de diálogo entre o poder público, a sociedade civil e o setor privado para estabelecer diretrizes que garantam maior controle sem prejudicar a liberdade econômica, especialmente considerando o crescente alcance dessas plataformas.
Fonte: (CNN Brasil – Política)