Brasília — InkDesign News — A influenciadora digital Virginia Fonseca compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets no Senado Federal nesta terça-feira (13), onde se reservou ao direito de silêncio ao ser questionada sobre os valores máximos recebidos em contratos publicitários com plataformas de apostas, negando também que tenha se tornado milionária graças a esses contratos.
Contexto político
A CPI das Bets foi instalada em novembro de 2023 com o objetivo de investigar a influência das apostas online no orçamento das famílias brasileiras, além de possíveis conexões com organizações criminosas, incluindo práticas de lavagem de dinheiro. A pauta amadureceu em meio ao debate sobre a regulamentação das apostas no país, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final de 2023, após uma movimentação legislativa que iniciou com a lei de 2018, assinada por Michel Temer, que legalizou apostas de quota-fixa, mas que careceu de regulamentação pelos cinco anos seguintes.
O depoimento de Virginia foi aprovado pelo colegiado em dezembro de 2024, a pedido da relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que conduziu o interrogatório no plenário do Senado. A decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, garantiu à influenciadora o direito de permanecer em silêncio para não se autoincriminar, prerrogativa usada durante a oitiva.
Reações e debates
Questionada sobre o maior valor recebido em contratos com casas de apostas, Virginia declarou seu silêncio:
“Me reservo ao direito de ficar calada”
— Virginia Fonseca, influenciadora digital
e reforçou que todos os valores recebidos foram devidamente declarados à Receita Federal.
No que se refere às controvérsias sobre o “cachê da desgraça” — bônus remuneratórios associados à perda de seguidores — a influenciadora negou ter recebido tais percentuais. Em relação à origem de sua fortuna, a influenciadora disse:
“Eu já tinha 30 milhões de seguidores quando divulguei [bets] e tenho a minha empresa.[…] Ano passado [a minha empresa] faturou R$ 750 milhões, se não me engano. Então, eu não fiquei milionária com bet, não”
— Virginia Fonseca, influenciadora digital
Além disso, Virginia destacou os alertas que faz habitualmente aos seguidores quanto ao uso responsável das plataformas e à proibição dos menores de 18 anos e justificou sua continuidade com contratos apenas com empresas regulamentadas:
“Se realmente faz tão mal para a população, proíbe tudo, por que que está regulamentando? Proíbe tudo, que acaba com tudo. Agora, eu nunca aceitei fazer publicidade para casa de apostas que não estão regulamentadas”
— Virginia Fonseca, influenciadora digital
Por sua vez, a relatora Soraya Thronicke contestou a justificativa da influenciadora, observando que em dezembro de 2022 ainda não havia regulamentação para apostas e que Virginia já realizava campanhas publicitárias sobre o tema, embora esta tenha afirmado que sua assessoria jurídica baseava-se em legislação anterior.
Desdobramentos e desafios
O depoimento de Virginia, acompanhado de seu marido, o cantor Zé Felipe, bem como de seus advogados, integra um esforço da CPI para mapear o impacto da publicidade em apostas no comportamento dos consumidores brasileiros e suas consequências sociais. As discussões na comissão ressaltam o dilema entre regulamentação e proteção social, sobretudo considerando indícios do incentivo ao vício em jogos.
A influenciadora mencionou que irá refletir sobre a continuidade de suas divulgações, frente a críticas e questionamentos que o tema suscita no debate público e político. As próximas etapas da CPI devem aprofundar a investigação sobre contratos publicitários e eventuais irregularidades no setor.
O enfrentamento do tema no Congresso e no Executivo deve caminhar para um equilíbrio entre a regulação das apostas, fiscalizada por órgãos competentes, e a proteção dos consumidores, evitando que o crescimento econômico do setor se dê em prejuízo da saúde pública e da segurança financeira das famílias.
Fonte: (CNN Brasil – Política)
