
São Paulo — InkDesign News — Pesquisadores da Universidade de Liverpool estão investigando a relação entre esperança e saúde cardiovascular, questionando se é possível que médicos “prescrevam esperança” para pacientes com doenças cardíacas.
Contexto científico
A conexão entre mente e corpo é um tema em expansão na biotecnologia e saúde, com muitos estudos explorando como estados emocionais, como a esperança, podem afetar a fisiologia humana. O doutor Alexander Montasem, professor de psicologia na Universidade de Liverpool, lidera uma equipe que revisou a literatura existente sobre a relação entre esperança e resultados de saúde em indivíduos com doenças cardiovasculares. Os pesquisadores se depararam com 12 estudos que abrangem mais de 5.000 participantes, buscando compreender essa ligação complexa.
Metodologia e resultados
Os estudos revisados utilizaram questionários para medir o nível de esperança dos pacientes, definindo esperança como “um estado motivacional positivo” baseado na agência e em planos para alcançar objetivos pessoais. Os resultados indicaram que altos níveis de esperança estavam associados a melhores desfechos de saúde, como menor angina, menos fadiga pós-AVC, melhor qualidade de vida e menor risco de morte. Montasem refletiu sobre esses achados, sugerindo uma correlação notável entre a esperança e a saúde do coração.
“Espero que isso leve a um reconhecimento mais amplo do papel da esperança na medicina moderna.”
(“I hope this leads to a broader recognition of the role of hope in modern medicine.”)— Alexander Montasem, Professor, Universidade de Liverpool
Implicações clínicas
As descobertas apresentam um interessante paralelo com o efeito placebo, onde tratamentos inertes, como pílulas de açúcar, demonstraram efeitos positivos em diversas condições de saúde, incluindo dor e depressão. O efeito placebo pode ser influenciado pela forma como é administrado, sua cor e preço, sugerindo que contextos emocionais podem impactar a eficácia do tratamento. Além disso, existe o efeito nocebo, onde expectativas negativas podem exacerbar sintomas. Isso levanta a questão: será que a esperança pode ser uma forma de tratamento eficaz, a par de terapias tradicionais, em ambientes clínicos?
As próximas etapas da pesquisa de Montasem incluirão a exploração de intervenções práticas que incorporem a esperança como um fator na recuperação de pacientes, potencialmente revolucionando as abordagens terapêuticas em cardiologia e outras áreas da saúde.
Fonte: (MIT Technology Review – Biotecnologia e Saúde)