
Brasília — InkDesign News —
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), foragida por dois meses, foi presa em Roma, na Itália, na terça-feira (29). A prisão ocorreu enquanto ela tentava escapar de um mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Esta decisão não encerra automaticamente o caso da parlamentar no Brasil, uma vez que a extradição é agora uma possibilidade em discussão.
Contexto jurídico
O caso de Carla Zambelli remonta a sua condenação pelo STF a 10 anos de prisão pela invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrida em 2023. A invasão teve como alvo a emissão de um mandato falso contra o ministro Alexandre de Moraes. De acordo com as investigações, Zambelli foi a autora intelectual da ação, utilizando Walter Delgatti, que confirmou ser o executor a mando da deputada.
A legislação que ampara o pedido de extradição está contida em tratados internacionais entre Brasil e Itália, que exigem uma avaliação criteriosa por parte das autoridades italianas para a concessão do pedido brasileiro.
Argumentos e precedentes
A defesa de Zambelli, representada pelo advogado Fábio Pagnozzi, afirma que a deputada “se entregou às autoridades italianas para colaborar com as investigações” e busca não ser extraditada, alegando a necessidade de um julgamento imparcial. Em contrapartida, a Polícia Federal informou que sua prisão foi resultado de um esforço conjunto com a polícia italiana e a Interpol.
“A Sra. Carla Zambelli Salgado de Oliveira, de maneira livre, consciente e voluntária, comandou a invasão a sistemas institucionais utilizados pelo Poder Judiciário”
(“The Hon. Ms. Carla Zambelli Salgado de Oliveira, freely, consciously, and voluntarily, commanded the invasion of institutional systems used by the Judiciary.”)— Ministério da Justiça, Brasil
Impactos e desdobramentos
A prisão de Zambelli levanta importantes questões sobre a eficácia do sistema judiciário no Brasil e seus limites em relação a figuras públicas. A extradição poderá significar não apenas a sua volta ao país para cumprir pena, mas também uma análise mais aprofundada sobre a integridade do sistema legal e dos parlamentares. A exata duração do processo de extradição ainda é incerta, uma vez que envolve diversos trâmites legais e resoluções por parte das autoridades italianas.
Além disso, se Zambelli não retornar ao mandato após o fim de sua licença não remunerada, poderá ser cassada por faltas às sessões. Em junho, a Câmara dos Deputados já havia autorizado sua licença. O caso, portanto, poderá ter repercussões ainda mais amplas no contexto político brasileiro.
A continuidade das discussões legais e a resposta do governo italiano às requisições brasileiras determinarão os próximos passos e as eventuais consequências para a parlamentar, além da possibilidade de reformas na legislação que trata de extradições entre países.
Fonte: (Agência Brasil – Justiça)