Sondas soviéticas: por que falha em missão a Vênus foi difícil de rastrear

São Paulo — InkDesign News —
No dia 10 de maio de 2023, o módulo de descida Kosmos-482, parte de uma missão soviética à Vênus da década de 1970, reentrou na atmosfera terrestre e possivelmente caiu nas águas do Oceano Índico, próximo a Jacarta.
Detalhes da missão
Lançado na primavera de 1972, o Kosmos-482 tinha como objetivo estudar Vênus, mas devido a uma falha no estágio superior do foguete, foi incapaz de deixar a órbita terrestre, permanecendo em uma órbita elíptica alta. O módulo de descida pesava aproximadamente 495 quilos e, após mais de 50 anos em órbita, concluiu sua trajetória ao reentrar na atmosfera terrestre.
“Ele deveria ter proteção térmica suficiente para suportar a reentrada.”
(“If it could be found, it would be very interesting to study it in order to understand the effects of long-term exposure to cosmic radiation on structural materials.”)— Oleg Korablyov, Chefe de Física Planetária, IKI
Tecnologia e objetivos
O Kosmos-482 foi projetado para suportar condições extremas, tanto em Vênus quanto durante a reentrada. Com materiais capazes de aguentar 300 Gs de aceleração e pressões de até 100 atmosferas, sua estrutura foi criticamente avaliada para entender o impacto da radiação cósmica. Os cientistas especulam sobre a possibilidade de que o módulo tenha desenvolvido um paraquedas durante a descida, o que poderia alterar sua trajetória e comportamento ao entrar na atmosfera.
Próximos passos
Pesquisadores da Roscosmos e outros especialistas expressam interesse em localizar os destroços do Kosmos-482. Pavel Shubin, historiador espacial russo, argumenta que as últimas órbitas do módulo foram mapeadas e ele poderia ser encontrado flutuando em águas oceânicas.
“Se houver algum sinal de vida, poderia indicar a possibilidade de que a cápsula flutue.”
(“The capsule has no aerodynamic quality, so it should land along the route.”)— Pavel Shubin, Historiador Espacial
As análises de reentrada estão evoluindo com a implementação de novas tecnologias e modelos de simulação como o TU Delft Astrodynamics Toolkit, que foi utilizado para prever a queda do Kosmos-482. A colaboração entre vários organismos, como o Departamento de Defesa dos EUA e a Agência Espacial Europeia, continua a enriquecer o campo da rastreabilidade de satélites e objetos em reentrada.
A exploração espacial, evidenciada por incidentes como o do Kosmos-482, fornece dados cruciais não apenas sobre a segurança em missões ao espaço, mas também enriquece o conhecimento sobre a interação entre tecnologia e ambiente espacial da Terra.
Fonte: (Space.com – Space & Exploração)