
Brasília — InkDesign News —
O coronel Márcio Nunes de Resende declarou, em audiência realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 28 de agosto, que houve um “silêncio ensurdecedor” do Exército em relação ao acampamento golpista montado em frente ao quartel após as eleições de 2022, sendo um dos réus no processo sobre a trama golpista.
Contexto jurídico
O caso em questão envolve a investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre um suposto planejamento de um golpe de Estado no Brasil. Os réus, ligados ao núcleo 3 da denúncia, incluem militares de alta patente, como coronéis e tenentes-coronéis, e um policial federal. O acampamento em frente aos quartéis, que ocorreu após as eleições de 2022, é visto como um ponto central da controvérsia, aumentando a pressão sobre as Forças Armadas. A legislação aplicável inclui normas relacionadas ao golpe de Estado e à posição do Exército em eventos políticos.
Argumentos e precedentes
Durante o interrogatório, Resende negou a intenção de participar de uma organização golpista. Ele classificou uma reunião realizada em novembro de 2022 como informal, caracterizando-a como uma confraternização entre amigos, sem organizadores ou pautas pré-definidas. “Esse evento foi informal, uma reunião de amigos. Eu tinha cedido o espaço, que não é meu, é do meu pai”, comentou. No entanto, a acusação sustenta que ele participou ativamente da elaboração de uma carta que pressionaria o Alto Comando do Exército a aderir à trama golpista. Segundo a PGR, os denunciados estavam ali para planejar “ações táticas” e monitorar figuras como Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Houve um silêncio ensurdecedor por parte do Exército. Não gostaria de estar criticando a instituição da qual eu tenho muito orgulho de servido, mas, com aquele pessoal acampado na frente dos quartéis, achando que teria alguma coisa, seria importante um posicionamento.”
(“Houve um silêncio ensurdecedor por parte do Exército. Não gostaria de estar criticando a instituição da qual eu tenho muito orgulho de servido, mas, com aquele pessoal acampado na frente dos quartéis, achando que teria alguma coisa, seria importante um posicionamento.”)— Coronel Márcio Nunes de Resende
Impactos e desdobramentos
As declarações do coronel Resende têm potencial para influenciar a percepção pública sobre o papel das Forças Armadas em ambientes políticos. A relação entre a política e as instituições militares no Brasil será examinada mais de perto. A resposta do Exército ao acampamento e as investigações em andamento podem resultar em mudanças nas diretrizes internas e na postura institucional frente a eventos sociais e políticos. O futuro legal dos militares denunciados e as repercussões para as suas carreiras também permanecem incertos, à medida que o tribunal continua a interrogar outros envolvidos no caso.
As consequências deste julgamento podem suscitar discussões mais amplas sobre a reforma das Forças Armadas e sua posição em relação à política, refletindo os desafios contemporâneos do Brasil em manter a democracia e a estabilidade institucional.
Fonte: (Agência Brasil – Justiça)