
São Paulo — InkDesign News — Uma recente pesquisa identificou várias novas espécies de celacantos que viveram no final do período Triássico, há cerca de 200 milhões de anos, a partir de espécimes de museus descobertos há mais de 150 anos no Reino Unido.
Contexto da descoberta
Os celacantos são peixes de nadadeiras lobadas, evolutivamente únicos, que surgiram no registro fóssil no início do período Devoniano, cerca de 419 milhões de anos atrás. Durante as eras Paleozoica e Mesozoica, mais de 175 espécies fósseis de celacantos foram conhecidas, com uma significativa diversificação ocorrendo durante a Mesozoico. No entanto, no final do período Cretáceo, cerca de 66 milhões de anos atrás, eles desapareceram misteriosamente do registro fóssil.
A crença anterior era a de que os celacantos foram extintos devido ao evento de extinção em massa do fim do Cretáceo. Contudo, em 1938, o primeiro espécime da espécie viva Latimeria chalumnae foi capturado na África do Sul, surpreendendo os paleontólogos.
Métodos e resultados
O estudo recente, liderado pela Universidade de Bristol, resolveu um equívoco que durava décadas: fósseis anteriormente atribuídos ao pequeno réptil marinho Pachystropheus eram, de fato, fósseis de celacantos. O professor Mike Benton, autor sênior do estudo, comentou sobre essa descoberta, afirmando:
“Nosso time percebeu que muitos fósseis anteriormente atribuídos ao pequeno réptil marinho Pachystropheus na verdade vêm de peixes celacantos.”
(“Our team realized that many fossils previously assigned to the small marine reptile Pachystropheus actually came from coelacanth fishes.”)— Mike Benton, Professor, Universidade de Bristol
O estudo revelou mais de cinquenta novos relatórios de celacantos do Triássico britânico, em comparação a apenas quatro anteriores. A equipe utilizou escaneamento por raios-X para confirmar as identificações dos fósseis, que pertencem à extinta família de celacantos, Mawsoniidae, intimamente relacionados aos peixes vivos hoje.
Implicações e próximos passos
O paleontólogo Jacob Quinn, autor principal do estudo, destacou a surpresa ao encontrar espécimes em museus que haviam sido ignorados por décadas, muitos identificados incorretamente como ossos de lagartos ou mamíferos.
“É notável que alguns desses espécimes estiveram armazenados em museus, e até mesmo em exibições públicas, desde o século XIX.”
(“It is remarkable that some of these specimens had been sat in museum storage facilities, and even on public display, since the 1800s.”)— Jacob Quinn, Paleontólogo, Universidade de Bristol
Os fósseis foram encontrados na área de Bristol e nas Colinas Mendip, que, durante o Triássico, formavam um arquipélago de pequenas ilhas em um mar tropical raso. As implicações desta pesquisa podem levar a uma melhor compreensão da diversidade e ecologia de comunidades marinhas antigas, especialmente sobre a alimentação dos celacantos, que provavelmente eram predadores oportunistas.
A continuidade das pesquisas poderá revelar mais sobre a complexidade da vida marinha no Triássico e como esses organismos interagiam entre si, adicionando mais à nossa compreensão evolucionária.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)