Paleontólogos descobrem evidências de intercruzamento humano e Neandertal

São Paulo — InkDesign News — Pesquisadores da Tel Aviv University, da Université de Liège e do Muséum National d’Histoire Naturelle da França anunciaram uma descoberta significativa: um esqueleto de uma criança de cinco anos, datado em 140.000 anos, que apresenta características tanto de Neandertais quanto de Homo sapiens.
Contexto da descoberta
A caverna de Skhūl, localizada no Monte Carmelo em Israel, foi descoberta em 1928. As escavações iniciais revelaram esqueletos de sete adultos e três crianças, juntamente com restos isolados de outros 16 indivíduos e ferramentas arqueológicas do tipo Mousteriano. Os fósseis foram anteriormente atribuídos a Homo sapiens e datam do fim do Pleistoceno Médio, cerca de 140.000 anos atrás.
O esqueleto criança é considerado o mais antigo a mostrar evidências físicas de cruzamento entre os dois grupos humanos, reafirmando teorias que sustentam que Neandertais e Homo sapiens coexistiram e interagiram na região.
Métodos e resultados
Na nova pesquisa, liderada pelo professor Israël Hershkovitz, os investigadores analisaram a forma do crânio da criança, que apresenta características de Homo sapiens na curvatura do vault craniano, mas também elementos do sistema vascular intracraniano, mandíbula e estrutura do ouvido interno típicos de Neandertais.
“Esta descoberta revela o mais antigo fósseis humano conhecido mostrando traços morfológicos de ambos os grupos, que até recentemente eram considerados duas espécies humanas separadas.”
(“This discovery reveals the world’s earliest known human fossil showing morphological traits of both of these human groups, which until recently were considered two separate human species.”)— Professor Israël Hershkovitz, Tel Aviv University
Os achados sugerem um intercâmbio genético contínuo entre a população local de Neandertais e os Homo sapiens que chegaram à região há cerca de 200.000 anos. Isso contrasta com a ideia anterior de que os Neandertais da região teriam migrado para Israel apenas há 70.000 anos.
Implicações e próximos passos
Os resultados desta pesquisa têm implicações profundas para a compreensão da evolução humana, mostrando que as interações entre Neandertais e Homo sapiens eram mais comuns do que se pensava. Mesmo com a extinção dos Neandertais, cerca de 40.000 anos atrás, partes do nosso genoma ainda são de origem neandertal, entre 2% a 6% do DNA moderno.
“Estamos lidando com um fóssil humano que tem 140.000 anos.”
(“But these gene exchanges took place much later, between 60,000 to 40,000 years ago. Here, we are dealing with a human fossil that is 140,000 years old.”)— Professor Israël Hershkovitz, Tel Aviv University
O estudo foi publicado na revista L’Anthropologie e abre novos caminhos para futuras investigações sobre as populações que viveram nessa época e suas interações.
A pesquisa destaca a importância de revisitar fósseis antigos sob novas perspectivas e metodologias, potencialmente transformando a forma como entendemos a história evolutiva do gênero humano.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)