
São Paulo — InkDesign News — Uma nova pesquisa revela que a atmosfera de Titã, a única lua do Sistema Solar com uma atmosfera significativa, não gira em linha com sua superfície, mas oscila como um giroscópio, mudando com as estações. Essa descoberta foi feita a partir de dados infravermelhos do espectrômetro CIRS da missão Cassini-Huygens.
Contexto da descoberta
A atmosfera de Titã tem intrigado cientistas planetários por anos. Dr. Lucy Wright, pesquisadora pós-doutoral da Universidade de Bristol, destacou que “o comportamento da inclinação atmosférica de Titã é muito estranho” (original: “The behavior of Titan’s atmospheric tilt is very strange”). A pesquisa sugere que algum evento passado pode ter desviado a atmosfera de seu eixo de rotação, levando a esse movimento oscilante.
Métodos e resultados
Os pesquisadores analisaram a simetria do campo de temperatura atmosférica de Titã, que não está centrada exatamente no polo, como era esperado. Essa assimetria muda ao longo do tempo, alinhada ao longo ciclo sazonal de Titã, que equivale a quase 30 anos na Terra. A equipe observou que “a direção da inclinação permanece fixa no espaço, em vez de ser influenciada pelo Sol ou Saturno” (original: “the tilt direction remains fixed in space, rather than being influenced by the Sun or Saturn”) de acordo com o professor Nick Teanby, da Universidade de Bristol.
Implicações e próximos passos
Essas descobertas têm implicações diretas para a futura missão Dragonfly da NASA, um rotorcraft que chegará a Titã na década de 2030. Com ventos cerca de 20 vezes mais rápidos do que a rotação da superfície, entender como a atmosfera oscila é crucial para calcular a trajetória de descida da Dragonfly. Isso ajudará os engenheiros a prever melhor onde o veículo tocará o solo.
Além disso, Dr. Conor Nixon, do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, comentou que “nosso trabalho mostra que ainda há descobertas notáveis a serem feitas nos arquivos da Cassini”, ressaltando a importância contínua da missão. A peculiaridade da atmosfera de Titã levanta questões fascinantes sobre a física atmosférica, não apenas em relação à lua, mas também para nosso planeta.
Esses resultados poderão influenciar futuras linhas de pesquisa, especialmente na compreensão das atmosferas de outros corpos celestes.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)