MIT Technology Review analisa se AI é normal em machine learning

Cambridge, EUA — InkDesign News — A inteligência artificial (IA) deve ser enquadrada como uma tecnologia de uso geral, com impacto gradativo comparável à eletricidade ou à internet, e não como uma ameaça explosiva como as armas nucleares, afirmam pesquisadores em recente análise crítica, destacando a necessidade de diferenciar o desenvolvimento acelerado dos métodos de IA das suas aplicações práticas, que historicamente avançam em ritmo mais lento.
Contexto da pesquisa
O estudo, elaborado por especialistas associados ao MIT, surge em meio ao debate global sobre os impactos sociais, econômicos e geopolíticos da IA. Refutando a retórica sensacionalista do “superinteligência”, os autores questionam os exageros que permeiam as discussões públicas e políticas, incluindo a chamada “corrida armamentista de IA” entre EUA e China. Em vez disso, ressaltam que a adoção da IA será um processo gradual, análogo às grandes revoluções tecnológicas do passado, o que exige uma revisão das expectativas sobre o ritmo dos efeitos na sociedade.
Método e resultados
Os pesquisadores analisaram o avanço dos métodos de IA — como modelos baseados em arquiteturas Transformer, que fundamentam sistemas como GPT-4 — em contraste com a velocidade e escala das suas implementações no mundo real. Eles destacam que a maioria dos algoritmos são avaliados em benchmarks padronizados que refletem progresso técnico no laboratório, mas que as aplicações práticas enfrentam desafios que retardam sua difusão, como infraestrutura, regulamentação e adoção social. O foco é a distinção entre capacidades técnicas e o impacto tangível.
“Much of the discussion of AI’s societal impacts ignores this process of adoption,” Kapoor told me, “and expects societal impacts to occur at the speed of technological development.”
“Grande parte da discussão sobre os impactos sociais da IA ignora esse processo de adoção, e espera que os impactos ocorram na velocidade do desenvolvimento tecnológico.”— Tarun Kapoor, Pesquisador de IA, MIT
Implicações e próximos passos
O estudo alerta que, apesar da IA não substituir completamente o trabalho humano, ela gerará novas categorias de tarefas focadas na supervisão e auditoria dos sistemas automatizados. Além disso, reforça que a IA pode exacerbar desigualdades econômicas e afetar negativamente a liberdade de imprensa e a democracia, dependendo de como for implantada. A análise aponta lacunas importantes, especialmente no uso militar da IA, mencionando que decisões críticas realizadas por sistemas de IA em contextos bélicos crescem, ainda que a pesquisa nessa área permaneça restrita a informações classificadas.
“AI supercharges capitalism,” Narayanan says. It has the capacity to either help or hurt inequality, labor markets, the free press, and democratic backsliding, depending on how it’s deployed.
“A IA supercarrega o capitalismo,” diz Narayanan. Ela tem capacidade para ajudar ou prejudicar a desigualdade, os mercados de trabalho, a imprensa livre e o retrocesso democrático, dependendo de como for implantada.— Arvind Narayanan, Cientista da Computação, Universidade de Princeton
Os autores propõem que a visão convencional de que construir a “melhor IA” é uma prioridade nacional de segurança deve ser revista, dado que o progresso da IA e sua assimilação social ocorrem em tempos distintos. A desaceleração esperada no impacto social abre espaço para políticas mais focadas na regulação, redução de harmonia e mitigação de riscos, ao invés de competições acirradas por supremacia tecnológica.
Ao tratar a IA como uma tecnologia “normal”, o estudo oferece um panorama que deve recalibrar expectativas da mídia, formuladores de política e sociedade, destacando que o verdadeiro desafio reside no uso ético e responsável da tecnologia, e não apenas em avanços laboratoriais. Essa perspectiva poderá influenciar práticas futuras de governança e desenvolvimento tecnológico.
Fonte: (MIT Technology Review – Artificial Intelligence)