
Brasília — InkDesign News — A ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Vera Lúcia, destacou em entrevista à CNN Brasil a necessidade urgente de maior representatividade de pessoas negras em espaços de poder no Brasil, especialmente no Judiciário e na advocacia. A fala ocorreu em meio a um contexto de discussões sobre racismo estrutural e inclusão racial no país.
Contexto político
A demanda por uma representatividade negro-afro-brasileira ampliada em espaços institucionais transcende questões simbólicas e está arraigada a um histórico de exclusão racial que atravessa as estruturas do poder público no Brasil. Atualmente, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem apenas dois ministros negros, ambos homens, e nunca recebeu uma mulher negra em seu quadro de ministros. No Tribunal Superior do Trabalho (TST), houve apenas um ministro negro em toda a sua história. Paralelamente, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nunca teve uma mulher negra presidindo a entidade em nível nacional. Estes dados ilustram uma trajetória longa e persistente de sub-representação da população negra em espaços decisórios importantes.
Reações e debates
A ministra Vera Lúcia ressaltou que a sociedade brasileira não pode aceitar a limitação da presença negra em posições de destaque a um mero simbolismo, mas deve buscar uma transformação estrutural. Ela declarou:
“A sociedade brasileira clama por representatividade em todos os setores, não apenas nos movimentos negros.”
— Vera Lúcia, Ministra do TSE
Além disso, a ministra comentou casos recentes de racismo que vivenciou, agradecendo o apoio do atual presidente da OAB em reposta a um desses episódios. Segundo ela,
“Essa mudança de atitude é fundamental para combater o racismo estrutural e promover uma sociedade mais justa e igualitária.”
— Vera Lúcia, Ministra do TSE
Desdobramentos e desafios
A ministra destacou avanços significativos na repulsa ao racismo e solidariedade demonstrada por diversas organizações. A rejeição social aos atos racistas, aliada à exigência de que tais atos não fiquem impunes, representa um movimento importante para a construção de um cenário mais igualitário. Contudo, enfrenta-se o desafio de transformar essas mudanças de atitude em políticas públicas e alterações institucionais que efetivamente promovam equidade racial. O foco está em promover alterações estruturais que garantam que a presença negra nos espaços de poder não seja apenas simbólica, mas traduzida em participação efetiva e contínua.
A ausência histórica de mulheres negras em cargos de alta relevância no Judiciário brasileiro e na advocacia evidencia lacunas profundas que futuras gestões, legislações e mobilizações sociais precisarão enfrentar. Investimentos em políticas afirmativas e ações voltadas para a inclusão racial poderão ser decisivos para este avanço.
Fonte: (CNN Brasil – Política)