
Brasília — InkDesign News — A Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) promove a campanha Junho Laranja, alertando sobre as queimaduras e a violência contra a mulher. O foco, neste ano, é o uso de métodos violentos que resultam em queimaduras, especialmente em relação à violência de gênero, em um contexto alarmante.
Contexto e objetivos
As queimaduras são consideradas um dos traumas mais devastadores na saúde, podendo resultar em dor extrema e longos períodos de internação. Em um cenário preocupante, a SBQ destaca que, apesar das notificações oficiais serem baixas, os casos de violência contra a mulher envolvendo queimaduras têm aumentado. A campanha Junho Laranja visa conscientizar a população, principalmente sobre os riscos associados a esse tipo de violência.
Metodologia e resultados
Um estudo desenvolvido pela enfermeira Isabella Luiz Resende e orientado pela vice-presidente da SBQ, Raquel Pan, analisou notícias de 2018 a 2019, revelando que a Região Sudeste concentrou 47,17% dos casos de violência contra a mulher com queimaduras. As áreas mais afetadas incluem o rosto, com uma taxa de 72,2% das reportagens, seguidas pelo tórax, com 50%. Raquel Pan observou que “o que a gente vê na violência contra a mulher por queimadura é que ele [homem] não quer matá-la, quer desfigurá-la”
with the thought that if she is not his companion, she will not be anyone’s companion.
(“com o pensamento de que, se ela não for sua companheira, não vai ser companheira de ninguém.”)— Raquel Pan, Vice-presidente, SBQ
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Implicações para a saúde pública
As queimaduras não fatais representam uma das principais causas de morbidade, resultando em hospitalizações prolongadas e incapacidades permanentes. Dados do Ministério da Saúde indicam que cerca de 1 milhão de brasileiros se queimam anualmente, dos quais aproximadamente 80% das queimaduras poderiam ser evitadas. Elaine Tacla, coordenadora da Unidade de Queimados do Hospital Geral de Vila Penteado, enfatiza que “cerca de 90% das mulheres atingidas por fogo pelo companheiro omitem o fato e encobrem o ato. A queimadura é um dos meios mais cruéis de violência”
and we need to call attention to such cases so that women believe that men are capable of such acts.
(“Precisamos chamar a atenção para tais casos para que as mulheres acreditem que o homem é capaz de fazer um ato nessas proporções.”)— Elaine Tacla, Coordenadora, Hospital Geral de Vila Penteado
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As estratégias de prevenção incluem educação voltada a conscientizar a população sobre os cuidados a serem adotados para evitar queimaduras, além de medidas para que as mulheres busquem ajuda ao primeiro sinal de violência. A necessidade urgente de políticas públicas que atuem na prevenção desse tipo de violência e promovam apoio às vítimas é evidente, visando um futuro em que as queimaduras sejam não apenas motivo de diagnóstico, mas uma realidade a ser erradicada.
Fonte: (Agência Brasil – Saúde)