
São Paulo — InkDesign News — A disputa entre a prefeitura de São Paulo e as plataformas de transporte por aplicativo em relação à regulamentação dos serviços de mototáxi reflete tensões entre segurança e mobilidade. Desde o início de 2025, a cidade proíbe tais serviços devido a preocupações com a segurança dos usuários, enquanto o Rio de Janeiro busca uniformizar regras para os motociclistas.
Contexto e objetivos
O aumento de acidentes envolvendo motocicletas em áreas urbanas levanta questões cruciais sobre a segurança no trânsito. A prefeitura de São Paulo atua por meio de um decreto que visa proibir os mototáxis, citando a maior probabilidade de fatalidade em acidentes de moto. Segundo a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), os sinistros de moto têm 17 vezes mais chances de serem letais do que os de automóveis. O foco principal é proteger usuários e motoristas, especialmente em uma população vulnerável, muitas vezes composta por jovens adultos.
Metodologia e resultados
Dados de hospitais públicos do Rio de Janeiro, por exemplo, revelam que entre janeiro e junho de 2025, foram registrados 14.497 atendimentos relacionados a acidentes com motos, resultando em aproximadamente 80 atendimentos diários. O estado gasta, anualmente, mais de R$ 130 milhões com essas emergências, com a maioria das vítimas sendo homens jovens de comunidades, revelando um padrão preocupante. “A disseminação dos serviços de transporte de passageiros por motociclistas é uma tragédia anunciada”, afirma Erivelton Guedes, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que enfatiza os riscos associados à regulamentação da atividade mototáxi.
Implicações para a saúde pública
A falta de um sistema regulamentado pode resultar em um aumento contínuo de acidentes, afetando não apenas os motociclistas, mas também a população em geral. A prefeitura do Rio de Janeiro, em contraste, busca usar a força das plataformas para progredir em direção a um protocolo unificado que atenda às necessidades de segurança. “A primeira coisa que precisamos é que todas as plataformas sigam os mesmos regulamentos para garantir a segurança de todos”, observa Eduardo Cavalieri, vice-prefeito. Esse enfoque proativo tem como objetivo minimizar o incentivo à migração entre serviços menos regulados e a oferta de uma estrutura de suporte aos motociclistas.
Dados de um estudo do Ministério da Saúde indicam que cerca de uma em cada cinco vítimas de trânsito é um trabalhador de aplicativo, reforçando a necessidade de intervenções no transporte motorizado. É fundamental que a saúde pública se concentre na proteção da população jovem, especialmente daqueles em condições socioeconômicas vulneráveis. Neste cenário, a regulamentação do transporte mototáxi deve ser cuidadosamente avaliada, com ênfase em dados e segurança, em vez de ser vista apenas como uma mera atividade econômica.
A situação atual sugere que, enquanto políticas de transporte necessitam ser aprimoradas, também é essencial que o envolvimento da comunidade e dos motociclistas seja genuíno e colaborativo. As autoridades devem considerar a mobilidade como um aspecto crítico da infraestrutura urbana.
Fonte: (Agência Brasil – Saúde)