
Moscou — InkDesign News — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inicia nesta terça-feira (6) uma viagem internacional que o levará à Rússia e China, com o objetivo de fortalecer acordos comerciais, participar de comemorações históricas e avançar na mediação do conflito Rússia-Ucrânia.
Contexto político
A visita oficial de Lula à Rússia entre os dias 8 e 10 de maio será marcada por reuniões bilaterais, incluindo encontro com o presidente Vladimir Putin, e a participação nas celebrações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. A comitiva presidencial inclui ministros de Minas e Energia, Ciência, Tecnologia e Inovação, Relações Exteriores, além do presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP).
Em seguida, o presidente seguirá para a China, onde estará entre os dias 12 e 13 de maio, em Pequim, para encontro com o presidente chinês Xi Jinping e participação na quarta reunião do Fórum China-CELAC. Estão previstas a assinatura de 16 acordos e uma declaração conjunta focada em multilateralismo, reforma da governança global e soluções pacíficas.
Segundo interlocutores do governo brasileiro, a visita tem como objetivos principais colocar o Brasil como mediador da paz entre Rússia e Ucrânia e demonstrar independência na política externa, especialmente no contexto das grandes potências mundiais. O Brasil, como presidente do BRICS, defende a participação do grupo em uma possível negociação de paz.
Reações e debates
“O Brasil tem credenciais para participar ativamente da mediação de um acordo de paz entre russos e ucranianos.”
— Interlocutor do governo brasileiro
O comércio bilateral entre Brasil e Rússia, que em 2024 somou 12,4 bilhões de dólares, é um dos pontos focalizados, com destaque para as exportações brasileiras de soja, carnes, amendoim, café e açúcar, enquanto os fertilizantes constituem a principal mercadoria russa para o Brasil. Esse contexto econômico foi um tema recorrente nas negociações prévias à viagem, ressaltando o potencial para ampliar investimentos e parcerias.
“O que nós queremos é diversificar a nossa relação, a nossa pauta exportadora para a China e diversificar os investimentos e as parcerias com a China, procurando atraí-la para esse projeto de neoindustrialização, de capacitação tecnológica, de transição energética.”
— Eduardo Saboia, Secretário de Ásia e Pacífico
Desdobramentos e desafios
A viagem de Lula terá impacto direto nas dinâmicas da política externa brasileira, especialmente em sua tentativa de posicionar o país como um ator relevante na mediação internacional de conflitos. Na agenda interna, a diversificação da pauta exportadora e o fortalecimento das parcerias com a China buscam responder aos desafios de modernização econômica e tecnológica no Brasil.
As próximas fases envolvem a concretização dos acordos negociados, a negociação das 32 parcerias ainda em andamento com a China, além da gestão das relações comerciais e diplomáticas com a Rússia, em meio ao contexto geopolítico complexo causado pela guerra na Ucrânia.
Essa agenda internacional delineia os passos futuros da política externa brasileira e suas ambições de protagonismo multilateral, ao mesmo tempo em que coloca à prova a capacidade do governo de traduzir essas negociações em benefícios concretos para a economia e a sociedade.
Fonte: (CNN Brasil – Política)