Brasília — InkDesign News — O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou em 22 de junho de 2024 que não há evidências concretas de uma atuação em larga escala de espiões estrangeiros no Brasil, incluindo agentes russos, em entrevista coletiva realizada após a abertura da 4ª Reunião da Interpol para chefes de polícia da América do Sul.
Contexto político
Nos últimos anos, cresceu a preocupação sobre a presença e as ações de agentes estrangeiros no território brasileiro, especialmente após reportagem do The New York Times apontar o uso do Brasil como base para operações de inteligência russas, com agentes assumindo identidades falsas de cidadãos brasileiros. Em resposta, a Polícia Federal iniciou em 2022 a “Operação Leste”, destinada a investigar a suspeita de que o país vem sendo utilizado como centro para formação de agentes do Kremlin. O interesse desses agentes seria obter passaportes brasileiros para facilitar a circulação internacional, dado o prestígio global do documento, e aproveitar o perfil multiétnico da população para camuflagem.
Reações e debates
Lewandowski afirmou:
“Não há nada de concreto nesse sentido de que há uma ação em larga escala de espiões, sejam da Rússia, sejam de qualquer país. Nossas autoridades, tanto do setor militar quanto do setor policial, mesmo da Abin, estão atentos para isso, estão funcionando regularmente.”
— Ricardo Lewandowski, Ministro da Justiça
O ministro reconheceu a existência de um caso isolado sob investigação, que está sob responsabilidade do Supremo Tribunal Federal (STF), e destacou que não cabe à Polícia Federal atuar neste momento:
“Quando o Judiciário decidir, o governo brasileiro tomará a decisão correspondente à decisão do Supremo Tribunal Federal neste caso. Enquanto não houver, digamos assim, uma ação criminosa, não é o caso da Polícia Federal ingressar na questão.”
— Ricardo Lewandowski, Ministro da Justiça
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, corroborou a posição do ministro, ressaltando a atuação da diretoria de inteligência da PF, mas ressaltou que a investigação está sob sigilo no STF:
“A Polícia Federal tem sua diretoria de inteligência que faz o trabalho de investigações, inclusive essa que tem o processo em trâmite no STF sob sigilo e por essas razões a gente não pode avançar nesse comentário.”
— Andrei Rodrigues, Diretor-geral da Polícia Federal
Desdobramentos e desafios
Com a resposta institucional, o governo brasileiro se posiciona no âmbito do Judiciário para a condução do caso específico envolvendo espiões russos. O cenário revela desafios para os órgãos de segurança e inteligência, que permanecem em alerta para possíveis ações estrangeiras, enquanto as investigações seguem em sigilo. Além disso, a questão suscita preocupações diplomáticas e estratégicas sobre segurança nacional e a proteção da identidade e da integridade do passaporte brasileiro diante de atividades clandestinas internacionais.
A continuidade do processo dependerá das decisões do STF, que poderá determinar ações complementares da Polícia Federal ou de outros órgãos. O impacto dessas investigações transcende o âmbito jurídico e poderá repercutir nas relações internacionais do Brasil, especialmente no contexto de segurança e diplomacia.
Fonte: (CNN Brasil – Política)
