Inteligência artificial de Trump desvia atenção de questões reais

São Paulo — InkDesign News — Neste mês, o presidente Donald Trump anunciou três ordens executivas relacionadas à inteligência artificial (IA) com o objetivo de manter a liderança dos Estados Unidos nesse campo tecnológico. As medidas abrangem inovação, infraestrutura e diplomacia internacional, mas também levantam preocupações sobre o impacto de tais ações na pesquisa pública e na imigração de talentos.
Contexto da pesquisa
A liderança americana em inteligência artificial é historicamente suportada por investimentos substanciais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) realizados pelo governo federal. Desde a década de 1950, instituições como o Departamento de Defesa e a National Science Foundation têm financiado avanços que possibilitaram inovações como a primeira programação de IA e sistemas especialistas. Apesar disso, as recentes iniciativas da administração Trump se opõem a esse legado, sugerindo cortes drásticos em P&D.
Método e resultados
O plano divulgado apresenta uma série de ações propostas, segmentadas em três pilares: acelerar a inovação, construir infraestrutura e liderar a diplomacia internacional. Exemplos incluem a promoção de modelos de linguagem “neutros ideologicamente” e a aceleração na construção de centros de dados voltados para IA, que frequentemente disponibilizam isenções de regulamentações ambientais. Isso poderia aumentar significativamente a velocidade da implementação tecnológica, mas serve também a interesses comerciais e ideológicos.
“Em vez de construir sobre uma história de pesquisa de classe mundial, a administração Trump está cortando investimentos em P&D.”
(“Instead of building on this world-class research history, the Trump administration is slashing R&D funding.”)— Asad Ramzanali, Diretor de IA e Política de Tecnologia, Vanderbilt Policy Accelerator
Implicações e próximos passos
O recente impulso governamental pode limitar a imigração de talentos cruciais para o desenvolvimento da IA, uma vez que muitas das inovações mais significativas foram realizadas por imigrantes. O uso de contratos de não-concorrência também pode restringir a inovação, bloqueando a mobilidade de profissionais entre empresas, um fator crítico na evolução do setor de tecnologia. Além disso, as ações antitruste visam rever investigações atuais que poderiam, se perseguidas, abrir um espaço para uma competição saudável e novas startups.
“A cada geração, ações antitruste têm permitido a formação do próximo grande avanço.”
(“Over and over, antitrust actions targeting the dominant actors of one era enabled the formation of the next.”)— Giovanna Massarotto, Pesquisadora de Políticas Antitruste
As propostas atuais podem contribuir temporariamente para o crescimento do setor privado, mas à medida que os interesses de curto prazo ganham prioridade, os pilares que sustentam a liderança dos EUA em tecnologia correm risco. A sustentabilidade no desenvolvimento de IA depende de um compromisso renovado com a pesquisa pública, a abertura para talentos internacionais e um ambiente competitivo justo.
Além do impacto imediato, a direção atual pode reverter os avanços dos Estados Unidos como potência inovadora, colocando em risco a posição do país em um futuro onde a inteligência artificial desempenhará um papel central.
Fonte: MIT Technology Review – Artificial Intelligence