
São Paulo — InkDesign News — Uma nova pesquisa realizada por astrônomos utilizando o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA trouxe descobertas intrigantes sobre a interação entre o ambiente magnético de Urano e as superfícies de suas maiores luas: Ariel, Umbriel, Titânia e Oberon. Os cientistas haviam previsto que os lados “da frente” dessas luas, sempre voltados para Urano, seriam mais brilhantes do que os lados “traseiros”, que sempre ficam voltados para o lado oposto. Isso se daria devido ao escurecimento causado pela radiação nos lados traseiros, afetados por partículas carregadas, como os elétrons que estão na magnetosfera de Urano. No entanto, não encontraram evidências de escurecimento nos lados traseiros, e observaram manchas escuras nos lados dianteiros das luas exteriores.
Contexto da descoberta
As luas Ariel, Umbriel, Titânia e Oberon são tidamente bloqueadas em relação a Urano, ou seja, mostram sempre a mesma face para o planeta. O lado da lua que está na direção do movimento é chamado de hemisfério líder, enquanto o lado que fica para trás é chamado de hemisfério traseiro. A expectativa era que as partículas carregadas, que são aprisionadas ao longo das linhas do campo magnético de Urano, atingissem preferencialmente os lados traseiros, resultando em um escurecimento visível.
“Urano é estranho, então sempre houve incertezas sobre o quanto o campo magnético realmente interage com seus satélites”, diz Dr. Richard Cartwright, pesquisador do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins. (“Uranus is weird, so it’s always been uncertain how much the magnetic field actually interacts with its satellites.”)
Métodos e resultados
O estudo utilizou dados do Telescópio Espacial Hubble para observar a interação do campo magnético de Urano com suas luas. As expectativas de que os hemisférios traseiros, especialmente em Ariel e Umbriel, seriam mais escuros não se concretizaram, já que a luminosidade entre os hemisférios dessas luas era bastante similar. Em contrastes notáveis, observou-se que os hemisférios líderes de Titânia e Oberon eram mais escuros e avermelhados em comparação com os lados traseiros, um resultado inesperado.
O time de pesquisa sugere que a diferença de brilho nos lados líderes pode ser consequência de partículas de poeira provenientes de satélites irregulares de Urano, que acabam por se acumular nos hemisférios líderes devido à queda contínua de micrometeoritos. “Vemos a mesma coisa acontecendo no sistema de Saturno e provavelmente no sistema de Júpiter também”, afirma Dr. Bryan Holler, do Instituto de Ciência do Telescópio Espacial. (“We see the same thing happening in the Saturn system and probably the Jupiter system as well.”)
Implicações e próximos passos
Esses achados podem sugerir que a magnetosfera de Urano opera de maneira mais tranquila do que se supunha, ou que suas interações com as luas estão ocorrendo, mas não têm impacto no contraste de brilho esperado entre os hemisférios. Mais investigações serão necessárias para desvendar os mistérios de Urano e suas luas. Essa pesquisa abre espaço para um melhor entendimento não apenas do sistema de Urano, mas também de outros sistemas planetários, como aqueles de Saturno e Júpiter.
O impacto prático dessas descobertas pode influenciar futuras missões de exploração espacial, fundamentando um conhecimento mais sólido sobre a dinâmica de sistemas planetários e suas interações magnéticas.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)