Governo Xi e Trump avaliam ganhos com cessar-fogo comercialGoverno Xi e Trump medem impactos do cessar-fogo comercial

Brasília — InkDesign News — A trégua de 90 dias estabelecida na guerra comercial entre Estados Unidos e China suscitou um debate entre os comentaristas Caio Coppolla e José Eduardo Cardozo, em O Grande Debate, na última segunda-feira (12). O tema central foi a avaliação dos impactos e possíveis vencedores deste cessar-fogo, especialmente diante das consequências para a economia global e brasileira.
Contexto político
O conflito tarifário entre as duas maiores economias do mundo, iniciado com a imposição de tarifas elevadas sob a administração Trump, levou a uma escalada de medidas punitivas que afetaram cadeias produtivas globais. A recente trégua de 90 dias estabelecida entre as partes na tentativa de negociar um acordo trouxe a questão sobre quem sai em melhor posição. Historicamente, os Estados Unidos vinham aplicando tarifas menores aos produtos chineses, enquanto a China respondia com tarifas mais severas sobre importações americanas. A reversão dessa dinâmica está no centro das discussões.
Reações e debates
Caio Coppolla sustenta que o acordo beneficiou os Estados Unidos, argumentando que “depois das negociações, os produtos chineses serão taxados em 30%, enquanto as tarifas da China aos produtos americanos será de 10%. Qual era a situação anterior? O oposto disso.” Para ele, a economia brasileira também deve se adequar a essa nova realidade, aceitando negociá-la “nos termos dos americanos”.
“A tendência é que o ‘novo normal’ seja mais próximo da intenção americana do que o status quo anterior.”
— Caio Coppolla, comentarista
Por sua vez, José Eduardo Cardozo destaca que a necessidade de Trump recuar resultou das pressões internas nos Estados Unidos, devido aos impactos negativos das tarifas sobre as próprias empresas americanas. Para ele, a diplomacia prevaleceu sobre as bravatas iniciais do presidente norte-americano, o que contribuiu para a recuperação das bolsas de valores.
“Isso criou um problema gravíssimo para Donald Trump. E ele teve que sair dessa sentando para negociar. As bravatas cessaram e a diplomacia ocupou o seu lugar. O resultado? As bolsas voltaram a subir.”
— José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça
Além disso, Cardozo acredita que o Brasil possui capacidade diplomática para reverter as tarifas americanas, dada a percepção dos Estados Unidos dos riscos envolvidos em decisões não negociadas e impositivas.
Desdobramentos e desafios
O acordo comercial deverá gerar desafios para o Brasil, que terá de ajustar sua estratégia diplomática e econômica frente ao novo cenário tarifário. A necessidade de negociar a redução da tarifa americana sobre produtos brasileiros, atualmente em 10%, será central para evitar impactos negativos no comércio exterior do país. A discussão aponta para um cenário onde a influência econômica e política dos Estados Unidos deverá ser predominante na configuração das futuras relações comerciais internacionais, exigindo do Brasil uma postura negociadora alinhada com os interesses americanos.
Este complexo cenário global exige que o Brasil articule não apenas sua política externa, mas também seus interesses econômicos internos, para garantir competitividade e minimização de perdas decorrentes de uma guerra comercial entre potências que afeta diretamente a economia mundial.
Fonte: (CNN Brasil – Política)