Freire Gomes diz a Bolsonaro que Exército respeita Constituição em debate político

Brasília — InkDesign News —
O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, depôs nesta segunda-feira (19) no Supremo Tribunal Federal (STF) acerca de alegações relacionadas a um suposto plano golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o papel das Forças Armadas no período pós-eleitoral de 2022. Em seu depoimento, Freire Gomes afirmou categoricamente que o Exército não violaria a Constituição.
Contexto político
O depoimento ocorre no contexto de investigações sobre ações de ruptura institucional durante as eleições brasileiras de 2022. Segundo o relatório da Polícia Federal, Freire Gomes teve papel crucial para que uma tentativa de golpe não contasse com o apoio das Forças Armadas. O general substituiu o comando do Exército em março de 2022, sucedendo Paulo Sérgio Nogueira, que assumiu o Ministério da Defesa. A atribuição constitucional do Exército e a atuação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) têm sido pontos centrais do processo conduzido pelo STF, que também adiantou o depoimento do ex-comandante da Aeronáutica para quarta-feira.
Reações e debates
Durante o interrogatório, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, destacou documentos supostamente apresentados por Bolsonaro que indicavam medidas como o estado de sítio e a ativação da GLO para legitimar ações das Forças Armadas. No entanto, Freire Gomes esclareceu:
“Eu alertei que se ele saísse dos aspectos jurídicos não só não contaria com nosso apoio como poderia responder juridicamente. Ele concordou e o assunto ficou por isso.”
— General Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército
O general também afirmou que poderia ter recebido pressão para aderir à suposta trama golpista, mas reafirmou que o Exército permaneceu dentro dos limites constitucionais. O ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do caso, conduziu as oitiva, com Bolsonaro acompanhando por videoconferência.
Desdobramentos e desafios
O relatório da Polícia Federal aponta que, além de Freire Gomes, o comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, também se opôs ao plano, enquanto o comandante da Marinha, Almir Garnier, teria aderido. Após a recusa destes, Bolsonaro teria buscado apoio junto ao general Estevam Theóphilo. A investigação enfrenta o desafio de comprovar detalhadamente o envolvimento e a postura das Forças Armadas para garantir a estabilidade institucional diante das incertezas políticas pós-eleitorais.
“O principal aspecto é que justamente aquilo que competiria ao Exército, nós não vislumbrávamos como poderíamos participar disso.”
— General Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército
O depoimento de Freire Gomes contribui para esclarecer a atuação das Forças Armadas e reforça a complexidade das relações entre instituições militares e civis no Brasil contemporâneo.
A continuidade das investigações e o desenrolar dos processos judiciais terão impacto direto na percepção pública sobre a defesa da ordem constitucional e o papel dos militares na política nacional.
Fonte: (CNN Brasil – Política)