
São Paulo — InkDesign News — A descoberta de Litoria tylerantiqua, uma nova espécie de rã, sugere que os rãs australianas estavam presentes no continente durante o início do Eoceno, aproximadamente 55 milhões de anos atrás, quando a Austrália ainda estava conectada à Antártica e à América do Sul.
Contexto da descoberta
Até agora, acreditava-se que as primeiras rãs australianas surgiram no final do Oligoceno, entre 26 e 23 milhões de anos atrás. A nova espécie foi identificada a partir de fósseis encontrados na formação Tingamarra, em Murgon, Queensland.
O estudo dessa rã fornece novas evidências sobre a biodiversidade no período em que as massas de terra estavam ligadas, permitindo uma análise mais profunda sobre a migração de espécies entre continentes.
Métodos e resultados
Os fósseis de Litoria tylerantiqua foram coletados nos anos 90 por paleontologistas da Universidade de Nova Gales do Sul. A metodologia envolveu lavagem de amostras de argila para a extração e análise dos ossos. O Dr. Roy Farman, pesquisador da universidade, apontou que “global climates were warmer during this period, while a forested corridor linked South America and Australia” (“os climas globais eram mais quentes durante esse período, enquanto um corredor florestal ligava a América do Sul e a Austrália”).
A nova espécie amplia o registro fóssil dos pelodryadids em cerca de 30 milhões de anos, sugerindo que a divergência entre rãs australianas e sul-americanas ocorreu próxima de 33 milhões de anos, um dado alinhado a pesquisas anteriores sobre a filogenia molecular.
Implicações e próximos passos
A descoberta de Litoria tylerantiqua é significativa, pois oferece novos insights sobre a resiliência das rãs ao longo da história evolutiva. Estas espécies sobreviveram a vários eventos de extinção, incluindo o que eliminou os dinossauros há 66 milhões de anos. Farman enfatiza que “apesar de sua natureza delicada, as rãs têm sido surpreendentemente bem-sucedidas em sobreviver a diversas extinções em massa desde suas origens” (“despite their delicate nature, frogs have been surprisingly successful at surviving several mass extinction events since their origins”).
As implicações para a conservação são vastas. Estudos adicionais podem analisar como as rãs se adaptaram a diferentes habitats ao longo do tempo, oferecendo direções para a reintrodução de espécies ameaçadas em ambientes mais seguros.
A pesquisa foi publicada no Journal of Vertebrate Paleontology, destacando a necessidade de continuar explorando o registro fóssil para entender melhor a história evolutiva das rãs e suas interações com o meio ambiente ao longo do tempo.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)