Fósseis de fungo azul de 160 milhões de anos são descobertos na China

Contexto da descoberta
Os fungos de manchas azuis são conhecidos por colonizar a madeira, provocando uma descoloração significativa, principalmente em árvores coníferas. Embora raramente causem a morte das árvores, sua presença, especialmente em associação com insetos perfuradores de madeira, tende a acelerar a mortalidade das plantas. A pesquisa, publicada na revista National Science Review, vem de um estudo que expande o registro fóssil dos fungos de manchas azuis, anteriormente estabelecido em cerca de 80 milhões de anos no Cretáceo.
“Até 2022, o primeiro registro fóssil credível de fungos de manchas azuis foi relatado do Cretáceo na África do Sul com uma idade de aproximadamente 80 milhões de anos”, afirmou o Dr. Ning Tian, paleontólogo da Universidade Normal de Shenyang.
Métodos e resultados
A pesquisa centrou-se em hyphae de fungo fossilizadas, bem preservadas em madeira petrificada da espécie Xenoxylon phyllocladoides, com 160 milhões de anos de idade. A análise microscópica revelou que as hyphae tinham uma coloração escura, característica dos fungos de manchas azuis contemporâneos, que é responsável pela descoloração da madeira.
A descoberta do pegamento de penetração permitiu-nos assegurar que o fungo fóssil que encontramos pertence ao grupo dos fungos de manchas azuis.
(“The discovery of the penetration peg enabled us to ensure that the fossil fungus that we found belongs to the blue-stain fungal group.”)— Dr. Ning Tian, Paleontólogo, Universidade Normal de Shenyang
Os pesquisadores observaram que, ao penetrar nas paredes celulares da madeira, as hyphae formam uma estrutura especializada chamada “pegamento de penetração”, permitindo que consigam romper essas barreiras resistentes.
Implicações e próximos passos
A descoberta não apenas fornece evidências fósseis cruciais para entender a origem e a evolução primitiva dos fungos de manchas azuis, mas também oferece novas perspectivas sobre as relações ecológicas entre esses fungos, as plantas e os insetos durante o período Jurássico. Embora a subfamília de besouros Scolytinae seja considerada um dos principais agentes de dispersão de esporos para os fungos de manchas azuis atuais, evidências moleculares e fósseis sugerem que sua origem remonta a não antes do Cretáceo.
Essa nova descoberta indica que a dispersão de esporos poderia ter sido realizada por outros insetos colonizadores de madeira presentes no Jurássico, um tema para investigações futuras.
A pesquisa destaca a importância de se continuar explorando as interações entre fungos, plantas e insetos em eras geológicas, um caminho que promete desvendar mais segredos sobre a diversidade biológica e as dinâmicas ecológicas do passado.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)