Washington — InkDesign News — O Federal Reserve (Fed) anunciou nesta quarta-feira (7) a manutenção da taxa de juros entre 4,25% e 4,5%, em sua terceira decisão consecutiva sem alterações, diante das incertezas causadas pela política tarifária do governo de Donald Trump, que afeta inflação, emprego e crescimento econômico.
Panorama econômico
Em meio ao cenário complexo que marca a economia global, o Fed optou pela estabilização dos juros, após um ciclo de cortes iniciado em setembro do último ano. Essa postura reflete a cautela diante das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, além dos efeitos das tarifas impostas pelo governo Trump, que alteram os preços no consumo e pressionam as expectativas inflacionárias. A diretiva econômica do presidente norte-americano é apontada pelo Fed como um desafio relevante para o cumprimento do seu duplo mandato, que visa o máximo emprego e a estabilidade dos preços.
O momento também é caracterizado pela volatilidade nos mercados financeiros, estimulada pelo aumento do tom das declarações políticas, como a ameaça de Trump de demitir o presidente do Fed, Jerome Powell, que posteriormente recuou, sinalizando aguardar o fim do mandato do banqueiro central em 2026.
Indicadores e análises
Desde dezembro, a taxa de juros permanece inalterada, enquanto os economistas avaliam o impacto econômico das tarifas de importação. O comunicado do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) destacou que “A incerteza sobre as perspectivas econômicas aumentou ainda mais” (“Uncertainty about economic prospects has increased further”).
“O Comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu mandato duplo e julga que os riscos de maior desemprego e maior inflação se aumentaram”
(“The Committee is attentive to the risks on both sides of its dual mandate and judges that the risks of higher unemployment and higher inflation have increased”).— FOMC, Comitê Federal de Mercado Aberto
Os indicadores recentes do mercado de trabalho sugerem resiliência, o que reforça a decisão do Fed de aguardar novos dados antes de alterar a política monetária. Porém, o cenário torna-se complexo caso inflação e desemprego aumentem simultaneamente, configurando um dilema para a autoridade monetária, que teria que escolher qual risco priorizar.
“Por enquanto, o Fed permanece em um padrão de espera, enquanto aguarda o fim das incertezas”
(“For now, the Fed remains in a holding pattern while awaiting the end of uncertainties”).— Ashish Shah, Diretor de Investimentos Públicos, Goldman Sachs Asset Management
Impactos e previsões
A persistência das tarifas pode agravar um cenário de estagflação — combinação de crescimento econômico fraco e inflação alta — similar ao vivido nas décadas de 1970 e 1980. Isso se dará pela pressão ascendente nos preços ao consumidor e a redução do ritmo de investimentos e contratações devido à incerteza empresarial. O governador do Fed, Christopher Waller, declarou disposição para analisar os efeitos tarifários, mas ponderou a necessidade de intervenção caso o desemprego caia demasiado.
O mercado financeiro reagiu com estabilidade nos rendimentos do Tesouro e ligeira valorização das ações após o comunicado. Entretanto, investidores continuam posicionados para uma possível redução nos juros apenas no final de julho, dependendo dos próximos indicadores econômicos.
Há uma expectativa crescente entre economistas sobre a continuidade ou não da resiliência econômica dos EUA frente aos desafios impostos pela política tarifária, refletindo dúvidas sobre a direção futura da condução monetária e suas consequências na inflação e no emprego.
À medida que o Fed monitorar os desdobramentos, as próximas decisões dependerão do equilíbrio delicado entre controlar a inflação e sustentar o mercado de trabalho, em um ambiente de elevada incerteza fiscal e comercial.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)
