
Brasília — InkDesign News — Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (19), Clebson Ferreira de Paula Vieira, analista de inteligência da Coordenação-Geral de Inteligência do Ministério da Justiça durante a gestão de Anderson Torres, afirmou acreditar que suas análises foram usadas para decisões ilegais durante o segundo turno das eleições de 2022.
Contexto político
A declaração de Clebson Ferreira se insere no inquérito que investiga o chamado “núcleo 1” e seu suposto envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022. Este episódio ocorre em meio a uma crise política marcada por tensões entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu o pleito. O analista foi convocado como testemunha de acusação pela Procuradoria-Geral da República (PGR), no contexto da fase de oitiva das testemunhas, conduzida por juízes-auxiliares do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, via videoconferência.
Clebson relatou ter recebido ordens específicas para analisar a distribuição de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas vésperas do segundo turno, período em que mais de 2 mil ônibus foram parados em bloqueios no Nordeste, região onde Lula concentrava vantagem eleitoral. Ele demonstrou preocupação com o uso político de seu trabalho e informou ter preservado documentos como forma de proteção.
Reações e debates
“A época eu fiquei particularmente apavorado, porque eu vi que uma habilidade técnica minha foi utilizada para uma tomada de decisão ilegal. Então eu só me preparei para que em um momento oportuno eu pudesse falar.”
— Clebson Ferreira de Paula Vieira, Analista de Inteligência do Ministério da Justiça
Além de Clebson, outras quatro testemunhas de acusação foram ouvidas: Éder Lindsay Magalhães Balbino, empresário acusado de colaborar com a criação de dossiês falsos sobre suposta fraude nas urnas eletrônicas; Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de Análise de Inteligência da PRF, supostamente envolvido em ações para dificultar deslocamentos de eleitores; Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que teria sido pressionado a aderir ao golpe; e Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, também alvo de suposta coação para participar da trama.
Desdobramentos e desafios
A fase de oitiva das testemunhas representa um momento crucial para a apuração dos fatos que cercam a suposta tentativa de golpe pós-eleitoral. O desafio para o STF é estabelecer a extensão das pressões e decisões ilegais que possam ter influenciado o processo eleitoral e ameaçado a estabilidade democrática. A preservação de documentos por Clebson Ferreira e as declarações de outros depoentes devem subsidiar as próximas etapas do inquérito, com potencial impacto nas investigações políticas e judiciais relacionadas ao pleito de 2022.
“Foi uma garantia, um respaldo, para eu dizer que isso foi feito sob um conjunto de ordens e foi tomada uma decisão independentemente de como eu pensava.”
— Clebson Ferreira de Paula Vieira, Analista de Inteligência do Ministério da Justiça
O desdobramento destas apurações poderá influenciar a percepção de segurança jurídica no ambiente eleitoral e fortalecer mecanismos de proteção à democracia no Brasil, enquanto o país se prepara para novas eleições e debates sobre a atuação das instituições de segurança pública durante os processos eleitorais.
Fonte: (CNN Brasil – Política)