Estudo revela que mastodontes da América do Sul consumiam frutas

São Paulo — InkDesign News —
Uma nova pesquisa revela evidências fósseis que confirmam a hipótese dos anacronismos neotropicais, sugerindo que a extinção de grandes herbívoros na América do Sul impactou diretamente a dispersão de sementes de plantas frutíferas.
Contexto da descoberta
Proposta em 1982, a hipótese dos anacronismos neotropicais sugere que plantas tropicais desenvolveram frutos grandes e atraentes para atrair megafauna extinta, como mastodontes e preguiças gigantes. Este conceito, inicialmente revolucionário, permaneceu sem confirmação por mais de quatro décadas, até a pesquisa liderada por Dr. Erwin González-Guarda.
Métodos e resultados
Os pesquisadores analisaram 96 dentes fósseis do mastodonte sul-americano Notiomastodon platensis, coletados ao longo de mais de 1.500 km, do litoral a Chiloé, no Chile. Aproximadamente 50% das amostras provêm do Lago Tagua Tagua, um local emblemático para a fauna do Pleistoceno.
“Para entender o estilo de vida do Notiomastodon platensis, empregamos várias técnicas: análise isotópica, estudos de desgaste dental e análise de cálculo fóssil”, afirmaram os autores. Os resultados indicaram a presença de resíduos de amido e tecidos vegetais típicos de frutos carnudos, como os da palmeira chilena (Jubaea chilensis). Isso corrobora a hipotética frugivoria desses animais, sugerindo seu papel crucial na regeneração florestal.
Implicações e próximos passos
Os dados da pesquisa também revelaram que a extinção desses megafauna deixou uma marca duradoura no ecossistema sul-americano. Em regiões como o centro do Chile, 40% das espécies que dependem de animais para a dispersão estão ameaçadas, um índice quatro vezes maior do que em regiões tropicais que ainda abrigam dispersores como tapires e macacos.
“Onde essa relação ecológica entre plantas e animais foi completamente rompida, as consequências permanecem visíveis mesmo milhares de anos depois.”
(“Where that ecological relationship between plants and animals has been entirely severed, the consequences remain visible even thousands of years later.”)— Dr. Andrea Loayza, Pesquisadora, Instituto de Ecologia e Biodiversidade
O estudo sugere que árvores como o Gomortega keule e o Araucaria araucana sobrevivem em populações fragmentadas e com baixa diversidade genética, sendo remanescentes vivos de interações ecológicas extintas. O impacto da pesquisa é significativo, destacando a importância da conservação de espécies e os desafios enfrentados por elas.
A continuidade das pesquisas pode esclarecer ainda mais as interações ecológicas passadas e o papel da megafauna na modelagem dos ecossistemas contemporâneos.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)