
NOVA YORK, EUA — InkDesign News — Uma pesquisa inovadora revelou que os estorninhos magníficos (Lamprotornis superbus), aves africanas, demonstram reciprocidade ao ajudar uns aos outros com a expectativa de que o favor seja retribuído no futuro. O estudo, conduzido ao longo de 20 anos, amplia o entendimento das relações sociais em espécies cooperativas além da ajuda exclusiva entre parentes.
Contexto da descoberta
O estorninho magnífico é uma espécie passeriforme da família Sturnidae, amplamente distribuída na África Oriental, incluindo países como Etiópia, Somália, Uganda, Quênia, Sudão do Sul e Tanzânia. Esses pássaros formam grupos sociais complexos com membros aparentados e não aparentados, variando de 7 até 60 indivíduos, com média entre 13 e 41 membros.
A assistência entre parentes para garantir a sobrevivência dos genes já é um conceito consolidado na biologia evolutiva, mas a ajuda entre não aparentados ainda é pouco compreendida na natureza. Segundo o professor Dustin Rubenstein, da Universidade de Columbia, os estorninhos magníficos apresentam comportamento social tão elaborado quanto o observado em humanos, onde amizades se formam ao longo do tempo.
“As sociedades dos estorninhos não são apenas famílias simples, são muito mais complexas e contêm uma mistura de indivíduos aparentados e não aparentados que vivem juntos, muito parecido com os humanos.”
(“Starling societies are not just simple families, they’re much more complex, containing a mixture of related and unrelated individuals that live together, much in the way that humans do.”)— Dustin Rubenstein, Professor, Universidade de Columbia
Métodos e resultados
A pesquisa combinou duas décadas de observações comportamentais e dados genéticos adquiridos entre 2002 e 2021, cobrindo mais de 40 temporadas de reprodução de milhares de interações entre centenas de estorninhos. Os cientistas coletaram DNA para determinar relações genéticas entre os indivíduos e investigaram se os pássaros ajudavam parentes preferencialmente ou se também apoiavam não aparentados mesmo com parentes disponíveis.
Os resultados mostraram que, embora os estorninhos ajudassem preferencialmente seus parentes, eles frequentemente mantinham relações de ajuda recíproca específicas com não aparentados, sugerindo a formação de amizades duradouras.
“Muitos desses pássaros estão essencialmente formando amizades ao longo do tempo.”
(“Many of these birds are essentially forming friendships over time.”)— Dustin Rubenstein, Professor, Universidade de Columbia
Implicações e próximos passos
Esta descoberta foi possível graças à combinação inédita de grandes conjuntos de dados comportamentais e genéticos, permitindo um olhar aprofundado sobre as dinâmicas sociais de aves cooperativas. Sob condições ambientais rigorosas das savanas africanas, demonstra-se que a reciprocidade social não é exclusividade dos humanos, sendo um fenômeno complexo envolvendo estratégias que podem reverberar na biologia social e evolutiva das espécies.
Os pesquisadores pretendem investigar como essas relações se formam, sua duração e os motivos pelos quais algumas amizades permanecem enquanto outras se rompem, ampliando o conhecimento sobre cooperação social além dos vínculos genéticos.
O estudo foi publicado na revista Nature em 7 de maio de 2025 e representa um avanço significativo para a biologia comportamental.
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Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)