Estudo mostra impacto da vegetação em mudanças climáticas no Mioceno tardio

São Paulo — InkDesign News —
Uma nova pesquisa revela descobertas importantes sobre como mudanças na vegetação aceleraram grandes alterações climáticas durante o final do Mioceno, período que ocorreu entre 11,6 e 5,3 milhões de anos atrás.
Contexto da descoberta
Durante o final do Mioceno, o clima da Terra experimentou uma transição do aquecimento do Mioceno médio para condições mais próximas das atuais, resultando na transformação de florestas densas em gramíneas espalhadas que moldaram a evolução da fauna, como cavalos e elefantes, que desenvolveram dentes adaptados para comer plantas mais abrasivas. Predadores também se adaptaram ao novo ambiente aberto, transformando ecossistemas continentais. Até então, a queda nos níveis de dióxido de carbono (CO₂) e os movimentos tectônicos eram apontados como os principais propulsores dessas mudanças climáticas, mas sozinhos não explicavam completamente esta transição global.
Métodos e resultados
Um estudo liderado pelo Professor Ran Zhang, do Instituto de Física Atmosférica da Academia Chinesa de Ciências, utilizou uma combinação de dados geológicos e modelos climáticos para investigar o papel da vegetação nas mudanças climáticas do período. A pesquisa mostrou que as alterações na cobertura vegetal influenciaram o albedo da superfície, ou seja, sua capacidade de refletir luz solar, além de afetarem a interação com vapor d’água, nuvens e gelo marinho. Em algumas regiões, esses efeitos foram ainda mais intensos do que os causados pela simples diminuição dos níveis de CO₂.
“Esta pesquisa ajuda a entender melhor os mecanismos por trás da mudança climática do final do Mioceno e destaca como os feedbacks da vegetação podem influenciar o clima global — tanto no passado quanto no futuro.”
(“This research helps us better understand the mechanisms behind the late Miocene climate shift and underscores how vegetation feedbacks can influence global climate—both in the past and in the future.”)— Prof. Ran Zhang, Instituto de Física Atmosférica, Academia Chinesa de Ciências
Os modelos climáticos indicam que a vegetação feedbacks intensificaram o resfriamento nas latitudes altas do hemisfério norte e alteraram os padrões de precipitação em latitudes mais baixas, contribuindo significativamente para o avanço da glaciação e a transformação da paisagem.
Implicações e próximos passos
Ao esclarecer os papéis distintos do CO₂, das mudanças tectônicas e da vegetação na climatologia do Mioceno, o estudo oferece uma perspectiva valiosa sobre processos climáticos complexos que foram subestimados em pesquisas anteriores. Isso é especialmente relevante para a compreensão das dinâmicas atuais e futuras do clima terrestre, apesar das diferenças no cenário contemporâneo, marcado pelo aquecimento global impulsionado por CO₂.
“Ao contrário do rápido aquecimento atual impulsionado pelo CO₂, o final do Mioceno foi caracterizado pelo resfriamento e declínio dos níveis deste gás.”
(“Unlike today’s rapid, CO2-driven warming, the Late Miocene was marked by cooling and CO2 decline.”)— Prof. Ran Zhang, Instituto de Física Atmosférica, Academia Chinesa de Ciências
Esta pesquisa amplia o entendimento do impacto da vegetação como um componente ativo no sistema climático, incentivando futuras investigações sobre como este mecanismo pode influenciar mudanças climáticas em diferentes eras e contextos.
Fonte: (Phys.org – Ciência & Descobertas)