
São Paulo — InkDesign News — Paleontologistas descreveram um novo gênero e espécie de diapsídeo drepanosauromorfo do Triássico, com apêndices integumentares notáveis — que não são penas nem pele — a partir de dois esqueletos bem preservados e espécimes associados.
Contexto da descoberta
A nova espécie, chamada Mirasaura grauvogeli, viveu na Europa há cerca de 247 milhões de anos. Apesar de apresentar um crânio superficialmente semelhante ao de aves, pertence a um grupo de diapsídeos conhecido como Drepanosauromorpha. A pesquisa revela que estruturas complexas como penas e pelos não são exclusivas de aves e mamíferos.
Métodos e resultados
Com base em dois esqueletos bem preservados e 80 espécimes com apêndices isolados e tecidos moles preservados, a pesquisa se concentrou na análise das características morfológicas e histológicas destes apêndices. Os fósseis foram encontrados no nordeste da França na década de 1930, mas só foram identificados recentemente após preparação adicional. Os teores preservados nas appendências contêm melanosomos, células pigmentares mais semelhantes às encontradas em penas do que em pele de répteis ou pelos de mamíferos.
“Os tecidos preservados nas appendências contêm melanosomos que são mais semelhantes aos vistos em penas do que na pele reptiliana ou no pelo mamífero, embora faltem os padrões ramificados típicos das penas.”
(“The tissues preserved within the appendages contain melanosomes that are more similar to those seen in feathers than in reptilian skin or mammalian hair, although they lack the typical branching patterns seen in feathers.”)— Dr. Stephan Spiekman, Staatliches Museum für Naturkunde Stuttgart
Implicações e próximos passos
Os achados sugerem que apêndices complexos já podiam ter evoluído entre os répteis antes do surgimento de aves e seus parentes próximos. “Considerando a função dos apêndices vistos em Mirasaura grauvogeli, descartamos funções de voo ou camuflagem e sugerimos um possível papel na comunicação visual”, afirmam os pesquisadores. Esta descoberta pode oferecer novas perspectivas sobre a origem das penas e dos pelos, e futuras pesquisas podem investigar como essas características se desenvolveram ao longo da evolução dos amniotas.
A pesquisa foi publicada na revista Nature e destaca a importância da paleontologia na compreensão da diversidade e evolução dos vertebrados.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)