Descoberta de dente de vaca reforça origem galesa de Stonehenge

São Paulo — InkDesign News —
Uma pesquisa recentementepublicada revelou detalhes intrigantes sobre a vida de uma vaca cujos restos mortais foram encontrados nas proximidades de Stonehenge, o famoso monumento megalítico na Inglaterra. A análise do dente da vaca indicou uma possível ligação com o sudoeste de Gales, onde se origina a pedra azul do monumento.
Contexto da descoberta
Em 1924, arqueólogos recuperaram a mandíbula direita de uma vaca idosa no fundo da vala que cercava a primeira fase de Stonehenge, datada entre 2995 e 2900 a.C. Recentemente, um grupo de pesquisadores da University College London, liderado pelo professor Michael Parker Pearson, usou análise isotópica para datar o dente a um período entre 3350 e 2920 a.C., sugerindo que a vaca provavelmente tinha origem em Gales.
Métodos e resultados
Os cientistas examinaram o terceiro molar da vaca, dividindo-o em nove seções horizontais para analisar isótopos de carbono, oxigênio, estrôncio e chumbo. Essa abordagem permitiu uma compreensão detalhada do ambiente, dieta e movimentação da animal. Os isótopos de oxigênio revelaram que o dente registrou cerca de seis meses de crescimento, enquanto os isótopos de carbono mostraram variações na dieta entre invernos de folhagem de floresta e pastagens abertas no verão.
“Este estudo revelou detalhes sem precedentes de seis meses na vida de uma vaca, fornecendo a primeira evidência do movimento de gado a partir de Gales e documentando mudanças dietéticas ocorridas há cerca de 5.000 anos.”
(“This study has revealed unprecedented details of six months in a cow’s life, providing the first evidence of cattle movement from Wales as well as documenting dietary changes and life events that happened around 5,000 years ago.”)— Jane Evans, Arqueóloga, British Geological Survey
Os isótopos de estrôncio sugeriram que a comida sazonal poderia vir de áreas geológicas diferentes, indicando a possibilidade de deslocamento ou importação do alimento durante o inverno.
Implicações e próximos passos
Os pesquisadores também concluíram que o sinal incomum de chumbo no dente não poderia ser explicado apenas por contaminação ou movimentação local. O chumbo armazenado nos ossos da vaca foi remobilizado durante os estresses da gravidez, indicando que a vaca era provavelmente fêmea e estava grávida ou amamentando durante a formação do dente. Uma análise baseada em peptídeos confirmou uma alta probabilidade de que a vaca fosse feminina.
“Esta pesquisa forneceu novas informações sobre a biografia dessa vaca enigmática cujos restos foram depositados em uma localização tão importante na entrada de Stonehenge.”
(“This research has provided key new insights into the biography of this enigmatic cow whose remains were deposited in such an important location at a Stonehenge entrance.”)— Richard Madgwick, Professor, Cardiff University
Com isso, a pesquisa abre novas possibilidades para entender a dinâmica das trocas e deslocamentos de animais na pré-história, além de lançar luz sobre o papel dos bovinos na construção de monumentos como Stonehenge.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)