São Paulo — InkDesign News — Apesar das turbulências da economia brasileira e da elevação dos juros, o nível de atividade da construção civil no país deve se manter dentro do esperado para 2025, com projeção de crescimento de 2,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do setor, conforme reiterado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) em 7 de maio.
Panorama econômico
O cenário global permanece marcado por pressões inflacionárias e políticas monetárias restritivas, refletidas no aumento das taxas de juros, que impactam diretamente o nível de investimento em obras imobiliárias e infraestrutura no Brasil. No entanto, no âmbito doméstico, o programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV) tem sido um importante contrapeso, sobretudo com a implementação, em abril, da faixa 4, direcionada a famílias com renda mensal de até R$ 12 mil. Essa faixa contempla financiamento para aquisição da casa própria a juros subsidiados, uma medida que introduziu novo estímulo ao setor.
Indicadores e análises
A CBIC mantém a projeção de expansão de 2,3% para o PIB da construção em 2025, alinhada à estimativa de dezembro do ano anterior. No primeiro trimestre, o setor gerou aproximadamente 100 mil empregos com carteira assinada, representando 15,34% do total nacional de novas vagas, embora o número tenha recuado 8,75% em comparação ao mesmo período de 2024. Atualmente, o mercado de construção conta com 2,958 milhões de trabalhadores formais, com salário médio de R$ 2.421, superior à média nacional de R$ 2.225.
O Índice Nacional da Construção Civil (INCC) acumulou alta de 7,54% nos últimos 12 meses encerrados em março, com crescimento de 9,96% nos custos de mão de obra e 6,09% em materiais e equipamentos.
“A expectativa mais positiva gerada, especialmente, com a criação da faixa 4 do MCMV contribuiu para a manutenção desse projeção de crescimento do PIB da construção”
(“The more positive expectation generated, especially with the creation of the MCMV bracket 4, contributed to maintaining this projection of construction GDP growth”)— Ieda Vasconcelos, Economista-chefe, CBIC
Por outro lado, o índice de confiança dos empresários da construção atingiu 47,2 pontos em abril, menor patamar desde julho de 2020, sinalizando falta de confiança. A elevada taxa de juros foi apontada como principal preocupação por 35,3% dos empresários, seguida pela carga tributária elevada (27,8%) e a escassez ou custo elevado de trabalhadores qualificados (27,1%).
“As dificuldades de crédito que a alta taxa de juros impõe e a elevação dos custos comprometem a viabilidade de projetos, afetam o equilíbrio econômico-financeiro das obras e dificultam o planejamento de novos empreendimentos, sobretudo na habitação de interesse social”
(“The credit difficulties imposed by the high interest rate and rising costs compromise the viability of projects, affect the economic-financial balance of works and make planning new ventures difficult, especially in social housing”)— Renato Correa, Presidente da CBIC
Impactos e previsões
Os incentivos do programa Minha Casa Minha Vida, especialmente a introdução da faixa 4 com juros subsidiados, têm sido decisivos para sustentar o mercado frente ao cenário de juros elevados e custos crescentes. O estímulo resultou em um incremento nos lançamentos de novos projetos e gerou “um sopro de esperança diante de um cenário tão desgastante com a taxa de juros num patamar tão alto”. Entretanto, o ambiente de alta taxa de juros impõe desafios ao acesso ao crédito e à sustentabilidade financeira dos empreendimentos.
A continuidade do crescimento modesto do setor dependerá do equilíbrio entre a pressão sobre os custos, a confiança dos empresários e a efetividade das políticas públicas de incentivo. O mercado de trabalho na construção civil mantém um ritmo relevante de geração formal de empregos, o que indica resiliência, ainda que o índice de confiança permaneça abaixo do limiar de otimismo.
Com a abertura da faixa 4 do MCMV e possíveis ajustes futuros nas condições de crédito, o setor poderá apresentar ajustes favoráveis que contribuam para a retomada mais robusta da atividade econômica na construção civil ao longo de 2025.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)
