Colossal Biosciences usa biotecnologia genética para recriar mamute-lanoso

São Paulo — InkDesign News —
Avanços em biotecnologia na área de de-extinção têm gerado debates intensos sobre patentes e propriedade intelectual. Organizações e empreendimentos científicos, como a Revive & Restore e a Colossal Biosciences, dispõem esforços para ressuscitar espécies extintas, como o pombo-passageiro e o mamute-lanoso, questionando o controle e proteção legal dessas criações genéticas.
Contexto científico
A Revive & Restore, com sede em Sausalito, Califórnia, é uma organização empenhada na revivificação do pombo-passageiro, extinto há mais de um século. A instituição não pretende registrar patentes sobre esses animais ressuscitados, preferindo protegê-los conforme leis vigentes de vida selvagem. Elizabeth Bennett, porta-voz da entidade, afirma que os animais devem ser protegidos “sob as leis existentes de vida selvagem.”
(“Revive & Restore will not be patenting de-extinct passenger pigeons,” says Elizabeth Bennett, a spokesperson for the organization. The organization envisions that if it succeeds in reintroducing the birds, they will be “protected under existing wildlife laws,” Bennett says.)
Em contraste, a Colossal Biosciences, empresa envolvida na reintrodução de lobos transgênicos e mamutes, tem uma abordagem que inclui o sigilo sobre as modificações genéticas realizadas, para proteger suas inovações tecnológicas via propriedade intelectual. Cory Smith, ex-aluno de Harvard e executivo de biotecnologia, reflete sobre a controvérsia: “I am not sure it should have an owner. I have always been on the side that maybe the animals shouldn’t be patented.”
(“Não tenho certeza se deveria ter um dono. Sempre estive do lado de que talvez os animais não deveriam ser patenteados.”)
Metodologia e resultados
Os métodos utilizados envolvem engenharia genética avançada, potencialmente com técnicas como CRISPR, para inserir variantes genéticas específicas em animais atuais para recriar espécies extintas. A patente pendente, registrada em 2023 sob o título “Woolly mammoth specific gene variants and compositions comprising same”, lista 29 reivindicações que cobrem tanto variantes genéticas do mamute-lanoso quanto organismos contendo esses genes. Isso permite o controle legal sobre os animais criados que contenham tal código genético.
Em comunicado, o CEO da Colossal, Ben Lamm, enfatiza que o foco da proteção de propriedade intelectual está limitado aos métodos técnicos e inovações desenvolvidas: “We take a thoughtful approach to intellectual property that balances scientific advancement with sustainable business practices…any IP protection would be limited to specific technical methods and innovations we’ve developed—not the genetic heritage of extinct species themselves.”
(“Adotamos uma abordagem responsável em relação à propriedade intelectual, equilibrando avanços científicos com práticas comerciais sustentáveis… qualquer proteção de PI seria limitada a métodos técnicos específicos e inovações que desenvolvemos – não ao patrimônio genético das espécies extintas.”)
Implicações clínicas
A questão da patenteabilidade de organismos geneticamente reconstituídos impacta não apenas as perspectivas comerciais, mas também os aspectos éticos e regulamentares. Embora haja clareza sobre a aplicação de leis de proteção da vida selvagem em alguns casos, a possibilidade de animais de-extintos serem tratados como artigos comerciais suscita preocupações relevantes para fiscalização, testes e futuras liberações ambientais. Até o momento, não há registros de testes clínicos em humanos, uma vez que a iniciativa se situa primariamente na conservação e biotecnologia aplicada a espécies animais.
“Revive & Restore will not be patenting de-extinct passenger pigeons,” says Elizabeth Bennett, a spokesperson for the organization. The organization envisions that if it succeeds in reintroducing the birds, they will be “protected under existing wildlife laws.”
(“Revive & Restore não vai patentear pombos-passageiros de-extintos,” diz Elizabeth Bennett, porta-voz da organização. A entidade prevê que, se conseguir reintroduzir as aves, elas serão protegidas “sob as leis existentes de vida selvagem.”)— Elizabeth Bennett, Porta-voz, Revive & Restore
“We take a thoughtful approach to intellectual property that balances scientific advancement with sustainable business practices…any IP protection would be limited to specific technical methods and innovations we’ve developed—not the genetic heritage of extinct species themselves.”
(“Adotamos uma abordagem responsável em relação à propriedade intelectual, equilibrando avanços científicos com práticas comerciais sustentáveis… qualquer proteção de PI seria limitada a métodos técnicos específicos e inovações que desenvolvemos – não ao patrimônio genético das espécies extintas.”)— Ben Lamm, CEO, Colossal Biosciences
O futuro da de-extinção na biotecnologia depende não apenas da capacidade técnica para reconstrução genética, mas também do desenvolvimento de políticas públicas e acordos éticos que regulem a tutela e o uso comercial dessas criações biológicas. Pesquisa contínua e debate regulatório são cruciais para garantir equilíbrio entre inovação, conservação e direitos da biodiversidade.
Fonte: (MIT Technology Review – Biotecnologia e Saúde)