
Brasília — InkDesign News — O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), cotado para assumir a Secretaria Geral da Presidência, esteve ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no velório do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, realizado nesta quinta-feira (15) em Montevidéu, Uruguai. A movimentação política sinaliza possível transição de Boulos da Câmara dos Deputados para um cargo executivo no governo federal com vistas às eleições de 2026.
Contexto político
As negociações para a transferência de Guilherme Boulos para a Secretaria Geral da Presidência tiveram início em abril, quando Lula sondou o deputado sobre a possibilidade de deixar a Câmara dos Deputados para compor o ministério, cargo atualmente ocupado por Márcio Mâcedo, que acompanhou o presidente na viagem ao Uruguai. Boulos, que foi o deputado mais votado em São Paulo nas eleições de 2022, com 1.001.453 votos, poderia desistir da reeleição em 2026, numa estratégia do governo para aproximar-se de segmentos sociais mobilizados, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ligado ao psolista.
A possibilidade de Boulos deixar o PSOL para assumir um cargo no executivo contraria os princípios coletivos do partido, que firmou em 2022 decisão de não aceitar cargos executivos ao compor a base governista no Legislativo, política que gera apreensão em setores internos da legenda. O movimento não tem sido debatido internamente, fortalecendo a percepção de um projeto pessoal desvinculado das decisões partidárias.
Reações e debates
“A saída de Boulos pode prejudicar o partido, visto que o deputado é um dos nomes com maior capacidade de puxar votos.”
— Integração de deputado psolista
“O partido, que tem como pilar a tomada de decisões em coletivo, definiu em 2022 que não assumiria cargos executivos ao compor a base do governo.”
— Avaliação de integrante do PSOL
Alguns deputados do PSOL avaliam que a ausência de diálogo e a possível saída de Boulos enfraquecem a bancada, enquanto outros demonstram preocupação com o rumo das negociações. A viagem recente da líder da legenda na Câmara, Talíria Petrone (RJ), à China com Lula dificultou encontros oficiais para discussão das movimentações em Brasília.
Desdobramentos e desafios
Se confirmada a saída de Boulos, prevista para a próxima semana, o PSOL enfrentará um desafio para manter sua influência no Congresso com um dos seus parlamentares de maior destaque fora da Câmara. Além dos impactos internos, a movimentação pode sinalizar reconfigurações nas alianças políticas para o pleito de 2026, influenciando o posicionamento dos movimentos sociais representados pelo deputado. Para o governo, a nomeação representa uma tentativa de aumentar interlocução com demandas populares e ampliar a base de apoio às políticas públicas, especialmente no setor social.
O futuro político de Boulos e o desenrolar de sua relação com o PSOL seguem suscetíveis a novos ajustes, que poderão definir os rumos da legenda e do governo nos meses que antecedem as eleições.
Fonte: (CNN Brasil – Política)