Brasília — InkDesign News — O ex-presidente Jair Bolsonaro depôs hoje na Polícia Federal em Brasília, em um inquérito que investiga seu filho, Eduardo Bolsonaro, sobre a suposta incitação a medidas contra autoridades brasileiras pelos Estados Unidos. O depoimento estava agendado para as 15h e ocorreu após Bolsonaro afirmar ter enviado R$ 2 milhões para auxiliar seu filho em meio às investigações.
Contexto jurídico
A investigação, solicitada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), investiga Eduardo Bolsonaro por crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigações sobre organização criminosa e a tentativa de abolição violenta do Estado de Direito. O caso ganhou notoriedade devido à alegação de que Eduardo teria buscado influenciar autoridades americanas contra ministros do Supremo Tribunal Federal, entre eles Alexandre de Moraes, que comanda ações relacionadas a supostas tentativas de golpe no Brasil.
Argumentos e precedentes
Durante sua declaração, Jair Bolsonaro justificou o repasse de recursos, afirmando que a quantia foi enviada a pedido de Eduardo e proveniente de depósitos que recebeu ao longo de 2023. “Vocês sabem que, lá atrás, eu não fiz campanha, mas foram depositados na minha conta R$ 17 milhões. Eu botei R$ 2 milhões na conta dele [Eduardo].”
“Eu converso com o meu filho de vez em quando. O trabalho que ele faz lá é por democracia no Brasil. Não existe sancionamento de qualquer autoridade, aqui ou no mundo, por parte do governo americano por lobby.”
(“I talk to my son from time to time. The work he does there is for democracy in Brazil. There is no sanctioning of any authority, here or in the world, by the American government due to lobbying.”)— Jair Bolsonaro, Ex-Presidente do Brasil
Bolsonaro negou qualquer atuação irregular de seu filho, alegando que ele apenas mantém contato com parlamentares americanos, argumentando que não há tentativa de lobby. No entanto, o depoimento foi autorizado por Moraes, que busca esclarecer a relação entre os atos de Eduardo e os possíveis benefícios a Jair Bolsonaro.
Impactos e desdobramentos
A investigação levanta questões sobre a responsabilidade de figuras públicas em atos que podem ser interpretados como tentativas de interferência política. Especialistas em direito apontam que, caso as acusações procedam, isso poderá estabelecer um precedente em casos similares, onde membros de governos buscam influenciar decisões de nações estrangeiras.
“É uma perseguição, no meu entender. Se meu filho estivesse cometendo qualquer ato irregular lá, parte do parlamento americano estaria cometendo um crime também.”
(“It is persecution, in my understanding. If my son were committing any irregular act there, part of the American parliament would also be committing a crime.”)— Jair Bolsonaro, Ex-Presidente do Brasil
Os próximos passos incluem a continuação da investigação pela PGR e a audiência de Bolsonaro com Alexandre de Moraes, marcada para a próxima semana, que poderá trazer novos elementos ao caso. Este episódio reacende debates sobre a relação entre Brasil e Estados Unidos e a influência de figuras políticas em negociações diplomáticas.
Em um contexto mais amplo, as implicações desse caso podem catalisar reformas na legislação brasileira referente à comunicação e ao lobby. Uma vigilância mais rigorosa sobre tais práticas pode se tornar um tema central nos próximos meses, principalmente à luz das recentes movimentações políticas no país.
Fonte: (Agência Brasil – Justiça)
