
São Paulo — InkDesign News — O Banco Central (BC), por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), projetou uma inflação de 3,6% para o IPCA em 2026, número que difere significativamente da expectativa de 4,51% estimada pelo mercado financeiro, provocando discussões entre economistas sobre as razões dessa discrepância.
Panorama econômico
Em um cenário global marcado por incertezas econômicas e pressão inflacionária, o Banco Central elevou a taxa Selic para 14,75%, o patamar mais alto em quase 20 anos. Essa alta reforça o apelo por um controle fiscal mais rigoroso, conforme destacado por setores produtivos, que acompanham atentamente as decisões da política monetária para conter a inflação e manter a estabilidade econômica. No último encontro do Copom, em março, o BC ainda não apresentava uma projeção abrangente para a inflação de 2026, apenas estimativas para o IPCA até o terceiro trimestre de 2025, quando a previsão era de 3,9%.
Indicadores e análises
A recente projeção do Banco Central para o IPCA em 2026, de 3,6%, é consideravelmente inferior à previsão de 4,51% adotada pelos economistas do mercado financeiro, o que gerou surpresa no meio econômico. Tony Volpon, ex-diretor do BC, comentou sobre essa discrepância:
“Normalmente, a mudança (nas projeções de inflação) de reunião para reunião é discreta, perto de 0,1 ponto. Não sei dizer as razões dessa mudança”
(“Normally, the change (in inflation projections) from meeting to meeting is discrete, around 0.1 points. I cannot say the reasons for this change.”)— Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central
Volpon ressaltou que o modelo do BC que gera essas projeções envolve diversas variáveis complexas, tornando difícil identificar claramente as causas dessa estimativa mais otimista. Ele também destacou que tais projeções não são discutidas nos comunicados ou atas do Copom.
Marianna Costa, economista-chefe da Mirae Asset, sugere que o Banco Central avalia um fechamento do hiato do produto mais rápido do que o previsto pelo mercado:
“O BC talvez esteja avaliando que o hiato do produto deverá fechar antes que o previsto pelos economistas”
(“The Central Bank may be assessing that the output gap will close sooner than economists expect.”)— Marianna Costa, economista-chefe, Mirae Asset
Ela acrescenta que, embora o cenário de inflação projetado seja possível, o valor permanece acima da meta oficial de 3% estabelecida pelo governo.
Impactos e previsões
A divergência nas projeções de inflação entre o Banco Central e o mercado financeiro pode influenciar decisões de investimentos e políticas fiscais. A trajetória da Selic, mantida em patamares elevados, sinaliza a continuidade de uma política monetária restritiva, que pode desacelerar a atividade econômica e impactar o consumo e a indústria. A partir dessas estimativas, o setor produtivo incentiva um maior controle fiscal para sustentar a inflação dentro da meta. Especialistas preveem que os efeitos da política monetária ainda não foram integralmente incorporados na economia, o que pode justificar a revisão para baixo das projeções do BC.
Espera-se que a divulgação da ata do Copom traga mais detalhes sobre a visão do Banco Central, podendo influenciar futuras decisões de ajuste da taxa de juros e medidas fiscais para conter riscos inflacionários.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)