
Brasília — InkDesign News — O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (7) a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, alcançando 14,75% ao ano, o maior patamar em quase 20 anos, numa decisão unânime que sinaliza continuidade do aperto monetário em meio a pressões inflacionárias.
Panorama econômico
Em meio a um cenário global de incertezas econômicas e políticas comerciais, o Banco Central do Brasil adotou nova alta na taxa básica de juros, refletindo um ambiente marcado por expectativas desancoradas de inflação, projeções elevadas, resiliência da atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. A decisão do Copom ocorre após seis reuniões consecutivas de aperto monetário, e pela primeira vez durante a gestão de Gabriel Galípolo no BC, o forward guidance da reunião mostrou-se aberto, refletindo incertezas sobre o fim do ciclo de elevações.
Indicadores e análises
A taxa Selic subiu para 14,75% ao ano, nível não atingido desde julho de 2006, em uma resposta ao cenário inflacionário adverso. O Banco Central revisou para baixo a projeção do IPCA, estimando 3,6% para 2026, embora ressalte riscos elevados de inflação tanto para cima quanto para baixo, equilibrados entre si. Entre os fatores concorrem a desancoragem das expectativas inflacionárias por período prolongado, inflacionamento mais resistente nos serviços, e o contexto econômico internacional, especialmente ligado à política comercial dos Estados Unidos, que influencia o mercado global.
“Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta.”
(“Such a scenario prescribes a monetary policy at a significantly contractionary level for a prolonged period to ensure inflation convergence to the target.”)— Banco Central do Brasil, Comunicado Copom
O comunicado do Banco Central ainda destacou que os efeitos acumulados do ciclo de ajuste monetário ainda precisam ser observados, o que exige cautela e flexibilidade na condução da política econômica a partir dos dados futuros.
Impactos e previsões
A persistência da alta da Selic impacta diferentes setores da economia. A indústria e construção, por exemplo, apresentam desafios para manutenção do ritmo de crescimento com custo financeiro elevado. Ao mesmo tempo, o consumidor final encara taxas de crédito mais altas. O Banco Central identificou que o ambiente externo, especialmente relativo à política comercial americana, intensifica as incertezas sobre a desaceleração econômica global e seu reflexo na inflação doméstica.
“A política comercial alimenta incertezas sobre a economia global, notadamente acerca da magnitude da desaceleração econômica e sobre o efeito heterogêneo no cenário inflacionário entre os países, com repercussões relevantes sobre a condução da política monetária.”
(“Trade policy feeds uncertainties about the global economy, notably concerning the magnitude of the economic slowdown and the heterogeneous effects on the inflationary scenario among countries, with relevant repercussions for monetary policy management.”)— Banco Central do Brasil, Comunicado Copom
Especialistas destacam que o ciclo de alta poderá se estender ou haver manutenção da atual taxa por períodos prolongados, conforme a reação da inflação e do crescimento econômico. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 17 e 18 de junho, quando novos dados poderão orientar ajustes futuros na política monetária.
Para aprofundar sobre o impacto no setor industrial e comercial, consulte também: Economia.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)