
São Paulo — InkDesign News — Astrônomos identificaram e mediram o buraco negro mais massivo já encontrado, com uma massa de 36 bilhões de massas solares. Essa descoberta aproxima-se do limite teórico do que é possível no universo e é cerca de 10 mil vezes mais pesado que o Sagittarius A*, um buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea.
Contexto da descoberta
O buraco negro recém-descoberto reside no sistema de lente gravitacional conhecido como Cosmic Horseshoe, onde a galáxia lente é uma das mais massivas já registradas. Localizado a 5 bilhões de anos-luz de distância, na constelação de Leão, esse sistema é também denominado SDSS J1148+1930 e CSWA 1.
Essa descoberta foi apresentada por Carlos Melo, candidato a Ph.D. da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que destacou a importância do método de medir buracos negros em sistemas remotos.
Métodos e resultados
Tradicionalmente, medições de massa de buracos negros em sistemas distantes baseiam-se na atividade de acreção, que podem acarretar incertezas significativas. Melo explica que “para sistemas tão remotos, as medições de massa do buraco negro são possíveis apenas quando o buraco negro está ativo” (“For such remote systems, black hole mass measurements are only possible when the black hole is active”).
A equipe utilizou uma combinação de lente gravitacional e dinâmica estelar, considerada padrão ouro para medições de massas de buracos negros, mas que tem dificuldades fora do universo próximo devido ao pequeno tamanho aparente das galáxias.
Com o uso do lensing gravitacional, os pesquisadores detectaram o buraco negro por meio da alteração do caminho da luz que passa por ele e do movimento acelerado das estrelas em sua galáxia hospedeira, que chega a quase 400 km/s.
“Adicionando lentes gravitacionais conseguimos ir muito mais longe no universo”
(“Adding in gravitational lensing helped us push much further out into the Universe.”)— Thomas Collett, Professor, Universidade de Portsmouth
Implicações e próximos passos
A descoberta representa um avanço importante na busca e medição de buracos negros ultramassivos, mesmo quando estes estão inativos. Essa abordagem deve permitir a detecção em grande escala de buracos negros ocultos em todo o universo.
Além disso, o sistema Cosmic Horseshoe é um exemplo de grupos fósseis, estruturas formadas pela colisão e fusão de galáxias, culminando em um único buraco negro ultramassivo. “Provavelmente todos os buracos negros supermassivos que estavam nas galáxias acompanhantes também se fundiram para formar o buraco negro ultramassivo que detectamos”, conclui Collett.
Essa pesquisa abre novas fronteiras para a ciência, potencialmente facilitando futuras investigações sobre a formação e evolução de buracos negros em diferentes contextos do universo.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)