Astrofísica observa nuvem de partículas energéticas em galáxia distante

São Paulo — InkDesign News — Astrônomos descobriram a maior nuvem conhecida de partículas energéticas ao redor de um aglomerado de galáxias, medindo 20 milhões de anos-luz de largura, em torno do aglomerado galáctico PLCK G287.0+32.9.
Contexto da descoberta
O aglomerado PLCK G287.0+32.9, localizado a 5 bilhões de anos-luz da Terra na constelação de Hidra, tem atraído a atenção de astrônomos desde sua primeira detecção em 2011. Observações anteriores identificaram duas relíquias brilhantes, que são ondas de choque gigantes que iluminam as bordas do aglomerado. Entretanto, essas análises não conseguiram detectar a vasta emissão de rádio que preenche o espaço entre elas.
Métodos e resultados
Imagens de rádio recentes revelaram que todo o aglomerado está envolto em um brilho de rádio tênue, quase 20 vezes o diâmetro da Via Láctea. Isso sugere a presença de fenômenos maiores e mais poderosos em ação. Dr. Kamlesh Rajpurohit, astrônomo do Centro de Astrofísica de Harvard e Smithsonian, comentou:
“Esperávamos um par brilhante de relíquias nas bordas do aglomerado, mas encontramos o aglomerado inteiro brilhando em luz de rádio.”
(“We expected a bright pair of relics at the cluster’s edges, but instead we found the whole cluster glowing in radio light.”)— Dr. Kamlesh Rajpurohit, Centro de Astrofísica de Harvard & Smithsonian
A descoberta de um halo de rádio de aproximadamente 11,4 milhões de anos-luz de diâmetro na região central do aglomerado, pela primeira vez observado a 2,4 GHz, contradiz a expectativa de que halos desse tamanho não seriam visíveis a essa frequência. Anteriormente, o recorde era de 16,3 milhões de anos-luz no aglomerado Abell 2255.
Implicações e próximos passos
As descobertas levantaram questões sobre a presença de elétrons de raios cósmicos e campos magnéticos estendidos às bordas dos aglomerados. Para Dr. Rajpurohit, o fenômeno observado sugere que “algo está acelerando ou re-acelerando os elétrons, mas nenhum dos suspeitos habituais se aplica.”
O estudo oferece uma nova perspectiva para investigar campos magnéticos cósmicos, representando uma das questões não resolvidas em astrofísica. Ao observar características estruturais específicas no gás quente do aglomerado, a equipe sugere que fusões de pequenos aglomerados podem estar contribuindo para o fenômeno observado. Segundo eles, “algumas dessas características podem ser causadas pela fusão de dois aglomerados menores ou por explosões provocadas por um buraco negro supermassivo.”
Essas novas descobertas possibilitam que os pesquisadores reevaluem como a energia e a matéria se movem através das maiores estruturas do universo, fornecendo novas formas de entender os campos magnéticos em larga escala.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)