
São Paulo — InkDesign News — Pesquisadores realizaram a primeira análise sistemática e interdisciplinar da composição, tecnologia e conteúdo de 51 ‘botijas de óleo fenícias’ da ilha de Motya, na costa oeste da Sicília, Itália. Os resultados sugerem que ungüentos aromáticos foram provavelmente produzidos e engarrafados no sul da Fenícia entre os séculos VIII e VI a.C. e circulavam pelo Mediterrâneo ocidental.
Contexto da descoberta
A Fenícia era conhecida pelo uso de substâncias aromáticas de diversas maneiras. Muitas vezes, essas substâncias eram queimadas em suportes cerâmicos, metálicos ou de pedra, conferindo qualidades sensoriais específicas aos espaços, o que sugere a execução de práticas rituais. Essa prática é frequentemente retratada na iconografia fenícia, que mostra fumaça surgindo de queimadores de incenso diante de figuras divinas.
A Ilha de Motya, na Sicília, atualmente fornece o maior número dessas botijas, que são caracterizadas por bocais estreitos e corpos globulares. Inicialmente, as botijas variavam de 11,5 a 14 cm de altura e de 8,5 a 10 cm de diâmetro, antes de uma redução de tamanho a partir da metade do século VII a.C.
Métodos e resultados
No novo estudo, o Dr. Adriano Orsingher e seus colegas analisaram a composição das cerâmicas para determinar a origem das botijas. A análise de resíduos orgânicos preservados dentro dos recipientes ofereceu insights sobre o conteúdo e uso original. Foram detectados resíduos orgânicos em oito das 51 botijas, revelando traços de lipídios vegetais e resinas de pinheiro e mastique, indicando preparações de óleos fragrantes.
“Nossa pesquisa confirma que esses recipientes cerâmicos eram usados para transportar óleos aromáticos.”
(“Our research confirms these ceramic vessels were used to transport aromatic oils.”)— Dr. Silvia Amicone, Pesquisadora, Universidade de Tübingen
Implicações e próximos passos
Os dados sugerem uma origem de produção no sul da Fenícia, entre o atual Beirute e a região do Carmelo. De acordo com Dr. Orsingher, “Esses óleos eram mais do que simples mercadorias; funcionavam como conectores culturais, expressões de identidade que acompanhavam os migrantes fenícios pelo Mediterrâneo”.
A pesquisa destaca a importância de reavaliar a mobilidade e a troca cultural na antiguidade, enriquecendo a compreensão sobre como os aromas e as memórias moldaram experiências compartilhadas entre comunidades dispersas.
O estudo abre novos caminhos na pesquisa sobre a circulação de sentidos e tradições culturais antigas, ampliando a percepção sobre a conectividade social e cultural em tempos antigos. Novas abordagens interdisciplinares prometem revelar mais sobre os componentes intangíveis da história antiga.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)