
São Paulo — InkDesign News — Pesquisadores reexaminaram resíduos de 2.500 anos encontrados em frascos de bronze em um santuário subterrâneo em Paestum, Itália, revelando evidências químicas que sugerem a presença de mel, desafiando análises anteriores.
Contexto da descoberta
Em 1954, arqueólogos descobriram um santuário subterrâneo, datado de cerca de 520 a.C., em Paestum, na Itália, contendo jarros de bronze com um resíduo pastoso e aroma forte de cera. Inicialmente, o material foi considerado como uma mistura de cera, gordura e resina. No entanto, análises subsequentes refutaram a presença de mel, criando um debate sobre a real composição do resíduo encontrado.
Métodos e resultados
Em 2019, com a chegada do resíduo ao Museu Ashmolean para uma nova exibição, a equipe de pesquisa da Universidade de Oxford, liderada por Luciana da Costa Carvalho e James McCullagh, adotou um enfoque multianalítico. Usando técnicas avançadas de espectrometria de massas, os pesquisadores identificaram lipídios, produtos de decomposição de sacarídeos, açúcares hexoses e proteínas principais do leite real, corroborando a hipótese de que os frascos continham mel ou favo.
“Os resíduos antigos não são apenas vestígios do que as pessoas consumiram ou ofereceram aos deuses — são ecossistemas químicos complexos.”
(“Ancient residues aren’t just traces of what people ate or offered to the gods — they are complex chemical ecosystems.”)— Luciana da Costa Carvalho, Pesquisadora, Universidade de Oxford
Os resultados revelaram que a composição química do resíduo era semelhante à do mel moderno, com um aumento na acidez, indicando mudanças devido ao armazenamento prolongado. Além disso, açúcares hexoses foram encontrados em concentrações maiores do que aquelas presentes na cera de abelha moderna.
Implicações e próximos passos
A identificação de mel em resíduos arqueológicos oferece insights sobre as práticas agrícolas e de subsistência das sociedades antigas. A pesquisa abre caminho para estudos sobre a atividade microbiana antiga e suas aplicações potenciais em diversas áreas.
“Estudar essas substâncias revela como elas mudaram ao longo do tempo, abrindo a porta para futuros trabalhos.”
(“Studying them reveals how those substances changed over time, opening the door to future work on ancient microbial activity and its possible applications.”)— Luciana da Costa Carvalho, Pesquisadora, Universidade de Oxford
Esses achados não apenas desafiam interpretações anteriores, mas também estabelecem a importância histórica do mel na sociedade antiga, tanto em práticas medicinais quanto religiosas. O continuo estudo de resíduos compostos pode transformar nosso entendimento sobre a vida cotidiana e religiosa das civilizações passadas.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)