São Paulo — InkDesign News — O caso de Byron Black, um condenado à morte no Tennessee, destaca a interseção entre tecnologia médica e questões éticas nos processos de execução, especialmente com a presença de um dispositivo cardíaco implantado que pode provocar graves consequências durante a sua pena de morte.
Contexto e lançamento
Em meio a debates acalorados sobre a pena de morte nos Estados Unidos, a situação de Byron Black, 69 anos, surge como um exemplo perturbador das implicações do uso de tecnologia médica em execuções. Black, que recebeu um desfibrilador cardioversor implantável (ICD) em maio de 2024, está programado para ser executado por injeção letal em 5 de agosto de 2024. Seus advogados alertam que o dispositivo pode aterrorizá-lo ao tentar restabelecer seu ritmo cardíaco durante a execução, o que, segundo eles, configuraria uma forma de tortura.
Design e especificações
O dispositivo que foi implantado em Black é o Boston Scientific Dual Chamber ICD Resonate HF EL (modelo D533), que atua como um pacemaker e desfibrilador. De acordo com informações do advogado de Black, o dispositivo só pode ser desativado por um cardiologista ou um técnico treinado sob supervisão adequada, levantando um dilema crítico sobre quem é responsável pela sua desativação antes da execução. A questão se agravou quando o hospital de Nashville se recusou a atender o pedido do Departamento de Correção do Tennessee, alegando que a solicitação extrapola o âmbito de sua assistência médica contratada.
Repercussão e aplicações
As complicações pessoais e clínicas de Black neste contexto são significativas. Com problemas de saúde graves, incluindo insuficiência cardíaca e demência avançada, seus advogados argumentam que a execução, tal como planejada, não só é desumana, mas representa uma violação da Oitava Emenda da Constituição dos EUA, que proíbe punições cruéis e incomuns. “A menos que o ICD seja devidamente desativado no momento da execução, a execução de Byron Black será um espetáculo grotesco”, afirma Kelley Henry, advogada do condenado.
“Byron’s execution carries so many risks,”
(“A execução de Byron apresenta tantos riscos.”)— Kelley Henry, Advogada
Com a recusa do hospital em desativar o dispositivo, o estado do Tennessee argumenta que Black não sentiria os choques. No entanto, a defesa contesta essa afirmação, ressaltando que os choques iniciais de tais dispositivos são altamente eficazes na restauração do ritmo cardíaco e extremamente dolorosos. “Estudos demonstraram que a sequência de primeiros choques de um ICD é efetiva em 89-100% dos casos”, informam seus advogados.
“The first sequence of shocks (up to 8 shocks per sequence) will very likely succeed in restoring Mr. Black’s heart rhythm,”
(“A primeira sequência de choques (até 8 choques por sequência) provavelmente terá sucesso em restaurar o ritmo cardíaco do Sr. Black.”)— Advogados de Byron Black
À medida que essa controvérsia continua, torna-se evidente que a intersecção entre tecnologia médica e ética na execução penal requer uma discussão mais profunda e urgente. A situação de Byron Black poderá servir como um precedente significativo em debates futuros sobre a aplicação da pena de morte e os direitos dos condenados.
Fonte: (Gizmodo – Cultura Tech & Geek)
