
São Paulo — InkDesign News —
A recente pesquisa realizada com o Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA revelou a presença de metano gasoso no distante planeta anão Makemake, desafiando a visão tradicional de um corpo inativo e congelado.
Contexto da descoberta
Makemake, também conhecido como 2005 FY9, foi descoberto em 2005 por uma equipe do Instituto de Tecnologia da Califórnia liderada por Mike Brown. Este planeta anão, localizado em uma região além de Netuno, possui um raio aproximado de 715 km, um pouco menor do que o de Plutão, e leva cerca de 305 anos terrestres para completar uma órbita ao redor do Sol. Observações anteriores indicavam a ausência de uma atmosfera global substancial, mas deixavam em aberto a possibilidade de uma atmosfera tênue.
Métodos e resultados
A equipe de astronomas utilizou dados infravermelhos e observações do James Webb para detectar picos de emissão próximos a 3,3 micrômetros, evidenciando metano na fase gasosa acima da superfície de Makemake. A emissão espectral de metano foi interpretada como fluorescência solar-excitada, onde a luz do Sol é reemitida por moléculas de metano. Segundo o Dr. Silvia Protopapa, “Makemake é um dos maiores e mais brilhantes mundos gelados além de Netuno e sua superfície é dominada pelo metano congelado” (“Makemake is one of the largest and brightest icy worlds beyond Neptune, and its surface is dominated by frozen methane.”).
Implicações e próximos passos
A descoberta sugere que Makemake pode ter uma atmosfera tenuemente estável, semelhante à de Plutão, ou apresentar uma atividade mais transitória, como sublimação cometária ou plumas criovolcânicas. O Dr. Ian Wong salientou que “estabelecer o mecanismo que impulsiona a atividade volátil é um passo necessário para interpretar essas observações” (“While the temptation to link Makemake’s various spectral and thermal anomalies is strong, establishing the mechanism driving the volatile activity remains a necessary step toward interpreting these observations within a unified framework.”). Modelos indicam que a temperatura do gás é em torno de 40 K (menos 233 graus Celsius) e a pressão superficial é apenas cerca de 10 picobars, significativamente mais baixa que a pressão da atmosfera da Terra.
O impacto dessa pesquisa destaca a possibilidade de que Makemake tenha uma atmosfera tênue sustentada pela sublimação do metano, unindo-o a um pequeno número de corpos no sistema solar externo onde trocas superfície-atmosfera ainda ocorrem. A equipe prevê que futuras observações do James Webb a uma maior resolução espectral ajudarão a determinar a origem do metano, seja por uma atmosfera limitada ou pela atividade de plumas.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)