ICE implementa spyware israelense para monitoramento e segurança

São Paulo — InkDesign News — A recente formalização de um contrato entre a Immigrations and Customs Enforcement (ICE) dos Estados Unidos e a Paragon, uma empresa de spyware, levanta preocupações sobre a interseção entre tecnologia e direitos civis, ressalvando a crescente dependência de ferramentas digitais na execução de políticas de imigração.
Contexto e lançamento
Em uma era em que a vigilância digital se torna cada vez mais comum, a ICE, sob o comando do ex-secretário de Segurança Interna nomeado por Trump, Kristi Noem, firmou um contrato de $2 milhões com a Paragon em 2024. A ICE já havia intensificado suas operações de deportação, alinhando-se a um enfoque governamental que promete a maior deportação da história dos EUA. A aquisição de tecnologia de vigilância como a Paragon é vista como uma solução tecnológica para os desafios de controle populacional no país.
Design e especificações
A Paragon, fundada por ex-oficiais de inteligência das Forças de Defesa de Israel, oferece um produto denominado Graphite. Este software permite o acesso invasivo aos smartphones de usuários, possibilitando a visualização de dados, a abertura de aplicativos criptografados como Signal e até mesmo a utilização do telefone como um dispositivo de escuta. A empresa tem uma trajetória de lobbying significativo em Washington DC, buscando se integrar à estrutura política americana desde sua criação.
Repercussão e aplicações
A presença de softwares de vigilância levanta questões éticas e preocupações em relação ao uso contra defensores dos direitos humanos e dissidentes políticos. Como observa Michael De Dora, gerente de política dos Estados Unidos do grupo de direitos digitais Access Now:
“Os americanos devem estar profundamente preocupados com como a administração pode usar essa nova ferramenta para fins de repressão doméstica, e a administração deve ser muito cuidadosa também.”
(“Americans should be deeply concerned about how the administration could use this new tool for the purposes of domestic repression, and the administration should be very careful too.”)— Michael De Dora, Gerente de Política, Access Now
. Recentemente, a imprensa pública Itália foi acusada de utilizar os produtos da Paragon para monitorar ativistas de direitos migratórios. Embora a Paragon tenha rompido laços com o governo italiano após esses relatos, o impacto devastador da tecnologia nas liberdades civis permanece evidente, reforçando um panorama cultural de preocupação com a privacidade.
À medida que a ICE continua a explorar tecnologias de vigilância, as implicações para comunidades marginalizadas tornam-se ainda mais críticas. Embora as autoridades defendam a eficácia e a necessidade de tais ferramentas, as possíveis consequências para a liberdade individual e segurança privada se tornam um tópico de discussão cada vez mais relevante.
Fonte: (Gizmodo – Cultura Tech & Geek)