São Paulo — InkDesign News — A crescente intersecção entre tecnologia e vigilância estatal suscitou debates acalorados à medida que a agência de Imigração e Fiscalização de Aduanas (ICE) dos EUA intensifica suas operações com o auxílio de uma empresa de spyware israelense, Paragon. Essa iniciativa ocorre em um contexto de políticas migratórias mais rigorosas sob a administração atual.
Contexto e lançamento
Fundada em 2019 por ex-oficiais de inteligência das Forças de Defesa de Israel (IDF), a Paragon rapidamente se destacou no competitivo mercado de tecnologia de vigilância. Seu produto principal, Graphite, é um spyware que permite o acesso a dados pessoais de usuários, incluindo a capacidade de monitorar comunicações em aplicativos criptografados. A empresa atraiu a atenção do governo dos EUA, assinando um contrato de US$ 2 milhões com a ICE em 2024, mas enfrentou atrasos devido a questões de conformidade com uma ordem executiva do presidente Biden em 2023.
Design e especificações
O Graphite, produto carro-chefe da Paragon, possui recursos que vão além do simples monitoramento, incluindo a habilidade de transformar um smartphone em um dispositivo de escuta. A empresa, que se trasladou para a Virginia após ser adquirida por uma firma de private equity, tem sofrido críticas por seu uso em várias partes do mundo, onde suas tecnologias foram utilizadas para reprimir defensores dos direitos humanos. De acordo com Michael De Dora, gerente de políticas da Access Now, “Paragon’s technology has been misused by other governments around the world to target human rights defenders and political dissidents alike” (“A tecnologia da Paragon foi mal utilizada por outros governos ao redor do mundo para atacar defensores dos direitos humanos e dissidentes políticos”).
Repercussão e aplicações
A reativação do contrato da ICE com a Paragon ocorreu em um momento em que o clima político nos EUA está em mudança, com promessas de deportações em massa e maior vigilância de imigrantes. A administração atual projeta maneiras de acelerar essas operações, agora potencialmente turbinadas pelo uso do spyware. Além disso, a ICE está considerando a implementação de monitoramento à distância, o que levanta preocupações sobre privacidade e direitos civis. “Americans should be deeply concerned about how the administration could use this new tool for the purposes of domestic repression, and the administration should be very careful too” (“Os americanos devem estar profundamente preocupados sobre como a administração pode usar esta nova ferramenta para fins de repressão doméstica, e a administração deve ter muito cuidado também”), alertou De Dora.
À medida que políticas cada vez mais rigorosas tomam forma nos EUA, a vigilância e a tecnologia estarão indiscutivelmente entrelaçadas, provocando discussões sobre os limites éticos da inovação e suas consequências na vida cotidiana dos cidadãos.
Fonte: (Gizmodo – Cultura Tech & Geek)





