
São Paulo — InkDesign News — A nova onda de chatbots avança com o lançamento do Humain Chat, um assistente virtual que promete oferecer uma experiência substancialmente mais alinhada com a cultura árabe, utilizando um modelo de linguagem próprio da empresa saudita Humain.
Contexto e lançamento
O Humain Chat emergiu em um cenário global em que muitos chatbots carecem de adaptações culturais significativas. Tradicionalmente, muitos desses assistentes estão focados no inglês, com conteúdos influenciados predominantemente por perspectivas ocidentais. O Humain, por sua vez, se apresenta como um avanço nesse contexto, utilizando o modelo de linguagem Allam, que segundo a companhia, foi treinado em “um dos maiores conjuntos de dados em árabe já compilados”. Essa proposta visa não apenas a fluência na língua, mas uma compreensão profunda da “cultura, valores e patrimônio islâmico”.
Design e especificações
O Humain Chat estará disponível inicialmente como um aplicativo, com suporte a conversas bilíngues em árabe e inglês. A interface é projetada para reconhecer diversas variantes do árabe, incluindo os dialetos egípcio e libanês. Desenvolvedores afirmam que o modelo se destaca entre seus predecessores por sua abordagem nativa, com particular atenção às nuances culturais da região.
Repercussão e aplicações
A introdução do Humain Chat levanta questões pertinentes sobre a liberdade de expressão e a censura. Segundo informações divulgadas, existe uma preocupação de que este chatbot possa estar sujeito a censura governamental, dada a natureza regulatória da Autoridade Saudita de Dados e Inteligência Artificial, responsável pelo projeto inicial.
Ainda assim, é vital considerar como ferramentas de AI refletem vieses geográficos e políticos. O ChatGPT, por exemplo, é “skewed towards Western views”
(“tende a ser direcionado às perspectivas ocidentais”)— OpenAI, Documentação de Suporte
Além das implicações culturais, a adesão de empresas americanas a padrões ideológicos traz à tona discussões sobre o futuro dos modelos de linguagem e suas aplicações práticas. Este cenário propõe uma reflexão sobre a intersecção entre tecnologia, cultura e controle social.
O que é claro é que essa nova geração de chatbots precisará enfrentar dilemas éticos em suas trajetórias.
(“What is clear is that this new generation of chatbots will need to confront ethical dilemmas in their trajectories.”)— Análise, Instituto de Ética em Tecnologia
O Humain Chat representa um passo importante na personalização da tecnologia para realidades culturais específicas e talvez uma previsão do que poderemos esperar de ferramentas de AI em um futuro próximo, na luta por voice and representation para uma população de quase 500 milhões de falantes de árabe ao redor do mundo.
Fonte: (Gizmodo – Cultura Tech & Geek)