
São Paulo — InkDesign News — O recente posicionamento de Bernie Sanders, senador independente de Vermont, em relação ao plano do governo Trump de converter subsídios federais em participação acionária em grandes empresas de tecnologia, como Intel e TSMC, levanta discussões importantes sobre a intersecção entre política econômica e indústria de tecnologia.
Contexto e lançamento
A proposta surge no âmbito da Lei CHIPS, que visa incentivar a fabricação de semicondutores nos Estados Unidos, diante da crescente concorrência global. A ideia de transformar subsídios em ações, corroborada por Sanders, aponta para um novo paradigma onde o governo busca obter retornos financeiros de investimentos em companhias que, tradicionalmente, são vistas como auto-sustentáveis. O apoio inusitado de Sanders a esta medida demonstra uma rara convergência entre os espectros político e econômico, revelando a crescente inquietação sobre os custos associados a subsídios sem garantias de retorno.
Design e especificações
O plano detalhado pelo secretário de Comércio, Howard Lutnick, inclui a expectativa de que o governo detém uma participação de 10% na Intel em troca de aproximadamente US$ 10,86 bilhões em subsídios. Lutnick, em uma aparição no programa de entrevistas da CNBC, declarou: “A Lei CHIPS foi apenas uma doação para empresas ricas” (“The CHIPS Act was just a giveaway to rich companies”). A estrutura proposta insere o governo em um papel potencialmente influente nas decisões empresariais, apesar da afirmação de Lutnick de que não haveria um papel de governança na Intel. A dúvida sobre como a participação acionária poderia afetar os rumos da empresa é palpável, especialmente considerando o histórico de intervenções governamentais em grandes corporações.
Repercussão e aplicações
A proposta gerou uma série de reações na comunidade empresarial e nas agências de investimento. O Wall Street Journal, em um editorial, expressou inquietação sobre o envolvimento governamental, mencionando que “os detalhes do negócio da Intel eram vagos, mas pode-se apostar que os federais não seriam investidores passivos” (“…you can bet the feds wouldn’t be passive investors”). A possibilidade de uma intervenção governamental como a dada ao acordo da Nippon Steel com a U.S. Steel levanta questões sobre a natureza e a quantidade de controle que o governo poderia exercer simultaneamente a uma participação acionária. Além disso, a reação em Wall Street revela um temor mais profundo sobre a direção da política econômica sob estas condições.
Observando o panorama atual, a relação entre governo e grandes corporações de tecnologia parece estar em um estado de reavaliação. A proposta de Sanders e Trump de se objetivar uma participação acionária levanta questões sobre a praticidade e a ética de tais intervenções, especialmente em um mercado que já enfrenta grande volatilidade e críticas quanto à natureza monopolista das grandes empresas. A intersecção entre política e tecnologia permanecerá uma área de observação ativa nos próximos anos.
Fonte: (Gizmodo – Cultura Tech & Geek)