
Brasília — InkDesign News — Um recente estudo sobre o câncer de colo de útero, realizado por pesquisadores da MSD Brasil, revela que diagnósticos tardios elevam custos para o Sistema Único de Saúde (SUS) e impactam a sobrevivência das pacientes.
Contexto e objetivos
O câncer de colo de útero continua a ser um significativo problema de saúde pública, aguardando resposta em um cenário onde até 80% das mortes ocorrem em países de baixa e média renda, como o Brasil. O estudo tem como objetivo avaliar o impacto econômico e social do diagnóstico tardio e a necessidade de intervenções que priorizem a prevenção, visando principalmente a população feminina vulnerável, composta por mulheres não brancas com baixa escolaridade.
Metodologia e resultados
A pesquisa analisou um conjunto de dados abrangente, contemplando 206.861 mulheres acima de 18 anos diagnosticadas entre janeiro de 2014 e dezembro de 2021, extraídos do DataSUS, uma base de dados pública vinculada ao SUS. Os resultados mostraram uma relação direta entre o estágio do câncer no momento do diagnóstico e a necessidade de quimioterapia. Por exemplo, a porcentagem de pacientes que necessitaram de tratamento quimioterápico saltou de 47,1% no estágio 1 para 85% no estágio 4. Além disso, a pesquisa revela que 60% dos diagnósticos ocorrem em estágios avançados.
A maioria dos diagnósticos deste tipo de câncer abrange mulheres não brancas, com baixa escolaridade, que dependem do sistema público de saúde (SUS).
(“The majority of diagnoses of this type of cancer cover non-white women with low education who depend on the public health system (SUS).”)— MSD Brasil, Estudo sobre Câncer
Implicações para a saúde pública
O estudo sublinha a necessidade urgente de políticas públicas assertivas, capazes de mitigar as disparidades sociais e econômicas relacionadas ao câncer de colo de útero, ampliando a cobertura da vacinação anti-HPV e o rastreamento precoce. A análise observa o impacto negativo da pandemia de Covid-19, evidenciando uma queda de 25% nos procedimentos de radioterapia e um aumento na quimioterapia isolada, sugerindo lacunas no tratamento durante o colapso hospitalar. “Este estudo destaca o alto ônus econômico para o setor de saúde pública, especialmente considerando os atrasos no diagnóstico”, afirmam os pesquisadores, evidenciando o impacto da Covid-19 no tratamento da doença.
Os especialistas recomendam uma abordagem integrada, que envolva vacinação e monitoramento regulares para garantir que menos mulheres sejam diagnosticadas em estágios avançados da doença. Com a detecção precoce, é possível reduzir a necessidade de cuidados paliativos e otimizar a alocação de recursos para o tratamento oncológico adequado.
Conforme as evidências se acumulam, espera-se que políticas públicas eficazes não só promovam a vacinação contra o HPV, mas também incentivem o rastreio regular, transformando a realidade do câncer de colo de útero no Brasil.
Fonte: (Agência Brasil – Saúde)