São Paulo — InkDesign News — Otter.ai, uma plataforma reconhecida por suas ferramentas de transcrição e anotações impulsionadas por inteligência artificial, enfrenta um processo coletivo na Califórnia por supostas violações de privacidade.
Contexto e lançamento
Fundada em 2016 sob o nome de AISense, a Otter.ai rapidamente conquistou mais de 25 milhões de usuários e superou a marca de 100 milhões de dólares em receita anual recorrente. O serviço oferece integração com plataformas de videoconferência como Zoom, Google Meet e Microsoft Teams, permitindo a gravação e transcrição em tempo real. Entretanto, o recente processo sugere que a prática de gravação pode ocorrer sem o consentimento explícito de todos os participantes, levantando sérias preocupações sobre a ética dessa tecnologia.
Design e especificações
A ferramenta de anotações Otter Notetaker pode ser ativada pelos usuários que têm contas na plataforma, mas, segundo a queixa, não busca consentimento dos demais participantes durante as reuniões. O processo menciona que o software pode entrar em chamadas como um bot, sem a aprovação do anfitrião ou dos demais usuários, o que contraria princípios de consentimento e privacidade. A reclamação destaca:
“Crucialmente, a Otter não obtém consentimento prévio, expresso ou de outra forma, das pessoas que participam de reuniões onde o Otter Notetaker está habilitado, antes de gravar e acessar o conteúdo das conversas.”
(“Crucially, Otter does not obtain prior consent, express or otherwise, of persons who attend meetings where the Otter Notetaker is enabled, prior to Otter recording, accessing, reading, and learning the contents of conversations between Otter accountholders and other meeting participants.”)— Justin Brewer, Autor da queixa
Repercussão e aplicações
A repercussão do processo foi significativa, com usuários expressando inquietação sobre a segurança de suas informações em meses anteriores. Um caso particular, citado no processo, revelou que um pesquisador de IA recebeu a transcrição de uma reunião com investidores, incluindo detalhes confidenciais que foram discutidos após sua saída. Além disso, reportagens revelaram que a Otter compartilha dados de usuários com terceiros, aumentando ainda mais a desconfiança sobre a privacidade das informações.
“Enquanto estamos analisando a questão, é importante notar que a Otter não inicia gravações por conta própria. A gravação só ocorre quando é iniciada por um usuário Otter, e nossos Termos de Serviço deixam claro que os usuários são responsáveis por obter as permissões necessárias antes de fazê-lo.”
(“While we are reviewing the matter, it is important to note that Otter does not initiate recordings on its own. Recording only occurs when initiated by an Otter user, and our Terms of Service make clear that users are responsible for obtaining any necessary permissions before doing so.”)— Representante da Otter.ai
À medida que a Otter.ai lida com o impacto desse processo e as preocupações em torno da privacidade, torna-se evidente que a tecnologia de IA deve ser acompanhada de um rigoroso controle ético para garantir a proteção das informações pessoais de seus usuários. O futuro do uso dessa ferramenta pode depender de alterações em suas práticas de consentimento.
Fonte: (Gizmodo – Cultura Tech & Geek)
