
São Paulo — InkDesign News — Em junho, mais de 60 cientistas climáticos alertaram que o “orçamento de carbono” restante para manter o aquecimento global abaixo de um limiar crítico está prestes a se esgotar. Se as emissões continuarem na taxa atual, esse orçamento poderá ser gasto em apenas três anos.
Detalhes da missão
De acordo com um relatório publicado em 19 de junho, o mundo tem apenas 143 bilhões de toneladas (130 bilhões de toneladas métricas) de dióxido de carbono (CO2) a emitir antes de ultrapassar o limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris, assinado por 195 países. Atualmente, o planeta emite cerca de 46 bilhões de toneladas (42 bilhões de toneladas métricas) de CO2 por ano. Hoje, o mundo é 1,2°C (2,2°F) mais quente do que a média pré-industrial, sendo esta elevação quase totalmente atribuída às atividades humanas.
Tecnologia e objetivos
Investigações apontam que, mesmo com as emissões zeradas hoje, as temperaturas globais podem continuar a subir por algumas décadas devido ao calor armazenado nos oceanos. A National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) afirma que a liberação desse calor excessivo pode gerar um aumento adicional de 0,5°C (0,9°F). Cientistas acreditam que a estabilização das temperaturas ocorrerá ao longo de milhares de anos devido a sumidouros naturais de carbono, como árvores e solos que absorvem CO2. Como destacado pelo professor de ciência climática Kirsten Zickfeld: “O limite de 1,5°C é um indicador de um estado do sistema climático onde ainda podemos gerenciar as consequências”
(“1.5 C is an indicator of a state of the climate system where we feel we can still manage the consequences”)— Kirsten Zickfeld, Professora, Universidade Simon Fraser.
Próximos passos
Embora a redução de emissões continue sendo prioritária, há incertezas sobre a reversão do aumento da temperatura, caso o limite de 1,5°C seja ultrapassado. Para que a temperatura volte a níveis anteriores, será necessário não apenas zerar as emissões, mas alcançar emissões negativas, removendo mais CO2 da atmosfera do que aquela que se emite. Robin Lamboll, pesquisador do Imperial College London, ressalta que as tecnologias de captura de carbono, ainda em fase de teste, são essenciais: “Na prática, faremos um bom trabalho se descobrir que a implementação dessas tecnologias faz algo mais do que nos levar a zero líquido”
(“In practice we will be doing quite well if we find that the rollout of these technologies does any more than bring us to net zero”)— Robin Lamboll, Pesquisador, Imperial College London.
À medida que as nações continuam a lutar contra o aumento das emissões, cada fração do aquecimento que conseguimos prevenir terá um impacto significativo. “Se conseguirmos passar de 1,6°C para 1,5°C, seria um grande avanço”, finaliza Michael Mann, um influente cientista climático.
Essa questão não apenas aborda o futuro do planeta, mas também representa um momento crucial na trajetória da humanidade na luta contra as mudanças climáticas.
Fonte: (Space.com – Space & Exploração)