Paleoantropologia revela que machos de Australopithecus eram maiores

São Paulo — InkDesign News — Nova pesquisa revela que os hominídeos extintos Australopithecus afarensis e Australopithecus africanus apresentavam um dimorfismo sexual significativamente maior do que chimpanzés e humanos modernos, desafiando noções anteriores sobre a dinâmica social dessas espécies.
Contexto da descoberta
Estudos anteriores sugeriam que os hominídeos do gênero Australopithecus possuíam traços sociais semelhantes aos humanos modernos. No entanto, a nova pesquisa, liderada pelo paleoantropólogo Dr. Adam Gordon, da Universidade em Albany e da Universidade de Durham, mostra que o dimorfismo sexual era mais pronunciado, o que sugere uma hierarquia social mais competitiva. A pesquisa analisou A. afarensis, que viveu entre 3,9 e 2,9 milhões de anos atrás, e A. africanus, que sobreviveu entre 3,3 e 2,1 milhões de anos atrás.
Métodos e resultados
Para identificar o dimorfismo sexual, a equipe de Dr. Gordon aplicou um método de média geométrica em múltiplos elementos esqueléticos, como úmero e fêmur, para estimar tamanhos. A abordagem incluiu técnicas de reamostragem, permitindo simulações de comparações entre fósseis de hominídeos e primatas modernos, levando em conta as lacunas nos dados fósseis. O estudo não encontrou tendências cronológicas significativas em um intervalo de 300 mil anos, indicando que as variações observadas são atribuíveis às diferenças de sexo.
“Essas não eram diferenças modestas. No caso de A. afarensis, os machos eram dramaticamente maiores que as fêmeas — possivelmente mais do que em qualquer grande primata vivo.”
(“These weren’t modest differences. In the case of Australopithecus afarensis, males were dramatically larger than females — possibly more so than in any living great ape.”)— Dr. Adam Gordon, Paleoantropólogo, Universidade em Albany e Durham University
A análise revelou que tanto A. afarensis quanto A. africanus apresentavam maiores diferenças de tamanho entre os sexos em comparação com humanos modernos, o que sugere pressões evolutivas distintas.
Implicações e próximos passos
Os resultados têm implicações profundas para a compreensão da evolução social humana. O dimorfismo sexual elevado em A. afarensis indica competição intensa entre machos, semelhante ao encontrado em chimpanzés e gorilas. Por outro lado, A. africanus pode indicar uma fase evolutiva diferente, possivelmente mais próxima das dinâmicas sociais humanas. Dr. Gordon sugere que diferenças ambientais, como períodos secos que afetam a disponibilidade de alimentos, podem ter influenciado a variação de tamanho entre os sexos.
O impacto dessas descobertas sugere que os hominídeos podem ter vivenciado ambientes sociais mais complexos do que se pensava anteriormente, e futuras pesquisas podem explorar a influência do espaço ecológico e das condições ambientais sobre a evolução do comportamento social em humanos primitivos.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)