Estudo relaciona genes neandertais a condição neurológica séria

São Paulo — InkDesign News — Uma pesquisa recente sugere que a malformação de Chiari Tipo 1, uma condição neurológica grave que pode afetar até 1% da população, pode estar relacionada ao cruzamento genético entre humanos modernos e Neandertais.
Contexto da descoberta
A ideia de que a malformação de Chiari Tipo 1 pode derivar de genes de outras espécies de hominídeos foi inicialmente proposta pelo pesquisador Yvens Barbosa Fernandes, da Universidade Estadual de Campinas. O estudo de 2013 sustentou que alguns genes relacionados ao desenvolvimento craniano dos humanos modernos podem ter origens na linhagem de três espécies extintas de Homo: Homo erectus, Homo heidelbergensis e Homo neanderthalensis.
Métodos e resultados
Pesquisadores da Simon Fraser University, liderados pelo Professor Mark Collard e pela Dra. Kimberly Plomp, analisaram modelos 3D de crânios humanos, comparando aqueles com e sem a malformação com fósseis de hominídeos. Com a utilização de tecnologia de imagem médica moderna e técnicas avançadas de análise de forma estatística, descobriram que indivíduos com malformação apresentam semelhanças maiores com crânios de Neandertais do que aqueles sem a condição.
A malformação de Chiari Tipo 1 ocorre quando a parte posterior do crânio é pequena demais para comportar o cérebro, causando a hérnia de parte da base do cérebro no canal espinhal.
(“Chiari Malformation Type 1 occurs when the back of a human’s skull is too small to properly hold the brain, causing part of the base of the brain to herniate out of the skull and into the spinal canal.”)— Dr. Kimberly Plomp, Pesquisadora, Universidade das Filipinas Diliman
Resultados indicaram que as características de forma do crânio de pessoas com a malformação são mais próximas das dos Neandertais do que as dos humanos modernos sem a condição, sugerindo que os humanos contemporâneos podem carregar genes que influenciam a forma do crânio, resultando em um desajuste com a forma do cérebro.
Implicações e próximos passos
Com a variação dos níveis de DNA Neandertal em diferentes populações globais, o estudo antecipa que grupos populacionais, especialmente na Europa e na Ásia, possam estar em maior risco de desenvolver a malformação. Os pesquisadores sublinham que mais investigações são necessárias para validar essa hipótese.
O estudo da arqueologia e da evolução humana não é apenas interessante; ele também tem o potencial de ajudar a entender e, em alguns casos, lidar com problemas no presente.
(“Studying archaeology and human evolution is not just interesting; it also has the potential to help us understand and, in some cases, cope with problems in the present.”)— Professor Mark Collard, Simon Fraser University
Esta pesquisa abre novas vias para o entendimento de condições médicas complexas, potencialmente melhorando o diagnóstico e o tratamento da malformação de Chiari Tipo 1 e outras condições associadas.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)